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Dólar recua e Ibovespa sobe após recuo do IOF e tarifas de Trump

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

23/05/2025 09h50Atualizada em 23/05/2025 17h35

Após um dia agitado para o mercado, o dólar fechou em leve queda após abrir em alta. O Ibovespa, que começou o pregão no vermelho, ganhou força ao longo da tarde e encerrou em alta, mesmo diante das incertezas causadas pelo recuo do governo sobre o IOF e das novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos contra a União Europeia.

O que aconteceu

O dólar comercial caiu 0,27% às 17h, e a venda fechou em R$ 5,646. A cotação máxima de hoje chegou a R$ 5,745. O dólar turismo avançou 0,25%, vendido a R$ 5,879.

Após abrir o dia em queda, o Ibovespa encerrou em alta. A Bolsa subiu 0,24%, fechando o pregão com 137.607,23 pontos, com a mínima de 135.032 pontos e máxima de 137.637 pontos.

No mundo, o dólar cai. O dólar está em queda não só em relação ao real, mas também em relação a moedas de outros países emergentes. Isso é indício de que a alta não é uma reação aos anúncios feitos pelo governo no Brasil, mas sim que vem do aumento das tensões comerciais em todo o mundo.

Com o anúncio das tarifas de 50% sobre a União Europeia anunciadas hoje, "há um novo acirramento nas tensões, fazendo com que a moeda americana fique mais fraca", diz Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP

Até então, havia um cenário de maior tranquilidade. "Apesar dos atritos que ainda existem, parecia que nesse momento os Estados Unidos estão mais propensos em realizar acordos comerciais. Os EUA esticaram a corda até onde deu", afirma André Galhardo, da Remessa Online.

"Durante a semana, havia alívio. O Fed chegou a dizer que, se as taxas se mantivessem em 10%, haveria espaço para reduzir juros", diz Costa. Essa expectativa, no entanto, foi frustrada com o anúncio de hoje.

Costa lembra que o índice VIX, frequentemente chamado de índice do medo, está em alta. Sigla para volatility index, o VIX sobe 6,51% às 14h15 na Bolsa de Valores de Chicago, e mede a instabilidade e o risco do mercado. André Valério, economista sênior do Inter sobre o câmbio, acrescenta que o recuo do dolár no fechamento desta sexta mostra a "continuidade da tendência observada ao longo desta semana, com o fiscal americano influenciando na desvalorização do dólar e motivando a busca por ativos fora dos Estados Unidos e por ativos reais, como o ouro, que valorizou quase 5% durante a semana".

Ibovespa

No início da manhã o Ibovespa operava em queda. Embora o governo tenha recuado parcialmente no aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) antes da abertura do mercado, os agentes ainda repercutiam negativamente os impactos das medidas sobre a economia, especialmente na oferta de crédito às empresas.

O que explica a alta da Bolsa após queda no início da manhã? Felipe Sabino, fundador e COO da S8 Capital, afirma que o recuo parcial do governo amenizou o impacto, e isso está refletido no fato de a Bolsa não estar despencando tanto quanto se esperava hoje. "Por mais que essa medida do jeito como ela ficou é muito ruim, o mercado sentiu que seria pior se não tivesse tido recuo".

Vai e volta no IOF

Para ajudar a fechar as contas no ano, o governo anunciou ontem o aumento das alíquotas do IOF para algumas transações. Os investimentos de pessoas físicas no exterior, que atualmente têm alíquota de 1,1%, ariam a ter 3,5%. As transferências para aplicações de fundos nacionais no exterior ariam a ter alíquota de 3,5% também, contra zero atualmente.

Depois de uma repercussão negativa entre os agentes de mercado, o governo voltou atrás. Os investimentos de pessoas físicas no exterior continuam com alíquota de 1,1% e as transferências para aplicações de fundos nacionais no exterior seguem com zero.

Essas mudanças geram muita incerteza para o investidor. Governo fez bem em reavaliar e reverter as medidas, mas as pessoas vão pensar nos riscos a que estão expostas e em proteção de capital.
Daniel Haddad, diretor de investimentos da corretora especializada em investimentos internacionais Avenue

O recuo, no entanto, não foi suficiente para acalmar parte do mercado na abertura desta sexta e, para alguns analistas, fragiliza o plano de contenção como um todo. O governo anunciou o congelamento de R$ 31,3 bilhões, acima do que previa o mercado, e como uma medida para garantir o cumprimento da meta fiscal. O professor Cláudio Felisoni, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo) e docente na FIA Business School, observa, porém, que o mercado não parece acreditar na intenção do Executivo. "A reação de hoje [dólar em altar e bolsa em queda] é resultante dessa desconfiança. O governo precisa de credibilidade e ela virá se houver medidas concretas de contenção de despesa, mas isso não está havendo".

O problema do pacote é a base estrutural fiscal do Brasil que é ruim. O arcabouço fiscal tem um desenho ruim. Tivemos a PEC da Transição lá atrás que foi inadequada. Então o conjunto fiscal que temos hoje é frágil. Estamos falando de atingir um déficit de 0,25% do PIB que, adicionado aos precatórios, vai dar R$ 70 a R$ 75 bilhões, que é um déficit ainda significativo. Para o tamanho de dívida, o Brasil precisaria ter uma superávit da ordem de 3% do PIB.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados

Trump anuncia tarifas para a UE

A baixa da Bolsa durante a manhã também refletiu as declarações do presidente Donald Trump sobre novas medidas tarifárias. Trump disse que está "recomendando uma tarifa fixa de 50% para a União Europeia", após reclamar que as negociações comerciais estão estagnadas. Trump também ameaçou impor uma tarifa de importação de 25% sobre os produtos da Apple e Samsung, a menos que os iPhones em a fabricar nos EUA.

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