Guanipa, líder da oposição na Venezuela, é preso
Por Vivian Sequera e Mayela Armas
CARACAS (Reuters) - O conhecido político da oposição venezuelana Juan Pablo Guanipa, um aliado próximo da líder da oposição María Corina Machado, foi preso por supostamente liderar um plano terrorista, disse nesta sexta-feira o ministro do Interior, Diosdado Cabello.
Regularmente, autoridades acusam a oposição de conspirar com países como os Estados Unidos para cometer atos de terrorismo, derrubar o presidente Nicolás Maduro e atacar a rede elétrica da Venezuela. A oposição e Washington sempre negaram as acusações.
A prisão de Guanipa ocorre poucos dias antes das eleições parlamentares da Venezuela.
Setenta pessoas, incluindo estrangeiros, foram detidas no suposto complô para realizar ataques durante as eleições regionais e legislativas de domingo, disse Cabello, acrescentando que Guanipa também enfrenta acusações de lavagem de dinheiro e incitação ao ódio.
Guanipa, um advogado de 60 anos de idade e político de longa data, estava escondido desde a eleição presidencial do ano ado. Machado, que foi impedida de concorrer à presidência, mas continua popular entre muitos venezuelanos, também está escondida.
"Ele achava que era intocável, invisível", disse Cabello em uma declaração transmitida pela televisão estatal, mostrando um vídeo de Guanipa vestido com um colete à prova de balas sendo preso por agentes mascarados.
Autoridades eleitorais e o tribunal superior do país apoiaram Maduro como o vencedor da eleição do ano ado, mas não divulgaram a contagem dos votos nas urnas. A oposição, que publicou apurações detalhadas, afirma que seu candidato venceu com folga, e observadores internacionais disseram que a votação não foi democrática.
Oposição e grupos de direitos humanos denunciaram uma repressão brutal por parte do governo, incluindo prisões, desde a eleição de 2024.
Guanipa disse que sua prisão foi motivada pelo medo que o governo tem do povo venezuelano e de seus votos no ano ado.
"Irmãos, se vocês estão lendo isso é porque fui sequestrado pelas forças do regime de Nicolás Maduro", disse ele em uma publicação em sua conta no X.
"Não sei o que acontecerá comigo nas próximas horas, dias e semanas. Mas tenho certeza de que venceremos essa longa luta contra a ditadura."
"Para Juan Pablo e todos os nossos colegas presos: cada momento de nossas vidas é dedicado à libertação de vocês e de toda a Venezuela", disse Machado em post no X. Segundo ela, 50 ativistas políticos, defensores dos direitos humanos e jornalistas estão entre os presos.
O irmão de Guanipa, Pedro, foi preso em setembro por suposta corrupção no gabinete do prefeito de Maracaibo, onde era funcionário.
(Reportagem de Vivian Sequera e Mayela Armas)