Advogado que enfrentou Moraes se filia ao Novo e lança pré-candidatura ao Senado pelo DF
O desembargador aposentado Sebastião Coelho, conhecido por suas críticas contundentes ao Supremo Tribunal Federal (STF), filiou-se ao Partido Novo. A cerimônia de oficialização está marcada para o dia 10 de junho, em Brasília, quando também deve ser anunciada sua pré-candidatura ao Senado Federal pelo Distrito Federal nas eleições de 2026.
"É uma honra receber o dr. Sebastião Coelho no Novo. Um homem decente e honrado, que age com coerência e convicção. Sua coragem para enfrentar os abusos do Supremo é inquestionável", afirmou Eduardo Ribeiro, presidente nacional do Novo.
A filiação de Coelho no partido foi confirmada após articulações com a legenda, que pretende expandir sua atuação no Congresso Nacional "com nomes de perfil técnico e alinhados a princípios como a liberdade de expressão".
Procurado pelo Estadão, Coelho não comentou sobre a filiação.
Desde que se aposentou do cargo de desembargador, Coelho tem atuado como advogado e ganhou visibilidade por defender acusados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele chefiou a defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), acusado de fazer parte da "núcleo de gerência" do plano de golpe, com mais cinco acusados.
Ainda em março, o desembargador foi detido pela Polícia Judicial do STF em flagrante delito por desacato e ofensas ao tribunal. Segundo informações da assessoria da Corte, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, determinou a lavratura de boletim de ocorrência por desacato e, em seguida, a liberação do advogado.
Durante o julgamento da Primeira Turma do STF sobre a denúncia contra Martins, em 22 de abril, Coelho não poupou críticas à Corte, chegando a dizer que seus ministros são "as pessoas mais odiadas deste País". Ele deixou a defesa de Martins dias depois, alegando que "não existe defesa possível" no caso, além de citar problemas pessoais.
Antes, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) chegou a abrir um processo istrativo para apurar uma possível ligação financeira de Coelho com os atos de 8 de janeiro. Contudo, a Polícia Federal concluiu que suas movimentações bancárias se restringiam a despesas pessoais, sem indícios de financiamento aos protestos.
Nascido em Santana do Ipanema (AL), Sebastião Coelho tem 70 anos e construiu sua trajetória no Judiciário do Distrito Federal, onde atuou como juiz e depois como desembargador do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). Ele acumula mais de 660 mil seguidores em sua conta no Instagram.
Em 2022, ele deixou o cargo de vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) em protesto contra a posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando que o magistrado teria feito uma "declaração de guerra ao País".