Morre fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, um dos maiores do mundo
(Reuters) - Morreu nesta sexta-feira o brasileiro Sebastião Salgado, um dos mais importantes fotógrafos do mundo, aos 81 anos, informou o Instituto Terra, do qual é fundador.
"Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar", disse a organização não governamental, que se dedica à recuperação e restauração ambiental, em publicação de rede social.
Nascido em Aimorés (MG), em 1944, único filho homem entre sete irmãs, Salgado formou-se economista por pressão do pai, como ele chamado Sebastião, um fazendeiro e criador de gado.
Uma bolsa de estudos o levou, junto com a esposa Lélia, a Paris, onde acabaram se radicando, ele trabalhando para a Organização Internacional do Café. Uma câmera de presente de Lélia e as viagens a trabalho acabaram desviando o economista rumo à fotografia em tempo integral.
Salgado se tornou, então, um dos mais premiados e conhecidos fotógrafos do mundo. Suas lentes acompanharam sagas humanas como êxodos, migrações, secas, deslocamentos decorrentes de guerras e genocídios, registrados em séries a que ele dedicou longos anos.
Um dos últimos de uma geração de fotógrafos tradicionais que imprimiam fotografias, Salgado considerou fácil a transição do filme para o digital, mas itiu, em entrevista em 2013, que ainda editava suas fotos à moda antiga, usando folhas de contato.
"Toda a minha vida, eu tentei fazer minhas fotos, completamente em coerência com o meu modo de vida, com a minha ética, com as ideologias, e eu tive conforto, tirando minhas fotos", afirmou ele na entrevista antes da exposição "Gênesis", em Londres.
As mais famosas fotografias de Salgado mostram o lado mais sombrio da vida em comunidades de refugiados e operários em todo o mundo, como foi o caso das imagens que captou em 1986 dos mineiros da Serra Pelada, no Pará, a escavarem a terra como se fossem formigas.
Estão também, por exemplo, aquelas que fez da tentativa de assassinato do então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, em 1981, e que são os únicos registros do momento histórico.
(Por Tatiana Ramil, em São Paulo)