Topo
Notícias

Governo Trump proíbe Harvard de ter alunos estrangeiros

O presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca em 7 de abril de 2025 em Washington, DC  - Kevin Dietsch/Getty Images/AFP
O presidente dos EUA, Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca em 7 de abril de 2025 em Washington, DC Imagem: Kevin Dietsch/Getty Images/AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

22/05/2025 15h42Atualizada em 22/05/2025 17h55

O governo Trump proibiu a Universidade de Harvard de matricular novos estudantes estrangeiros. Os alunos internacionais que já fazem parte da instituição precisarão se transferir ou perderão seu status legal no país.

O que aconteceu

Proibição tem efeito imediato. "A certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio da Universidade de Harvard é revogada", escreveu a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, em uma carta à instituição, referindo-se ao principal sistema que permite aos estudantes estrangeiros estudar nos EUA.

Estrangeiros são 27,2% dos alunos de Harvard. A universidade possui 6.793 estudantes internacionais, de um corpo discente de 24.596 pessoas.

Governo Trump diz que universidade fomenta violência no campus. Em uma publicação na rede social X, Kristi Noem declarou que o governo "está responsabilizando Harvard por fomentar a violência, o antissemitismo e a coordenação com o Partido Comunista Chinês em seu campus".

Secretária afirmou que matricular alunos estrangeiros é um "privilégio", não um "direito". "Harvard teve muitas oportunidades de fazer a coisa certa. Mas recusou. Eles perderam a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio por não cumprirem a lei. Que isso sirva de alerta para todas as universidades e instituições acadêmicas do país", acrescentou Noem.

Harvard deve fornecer, nas próximas 72 horas, pedidos do governo caso queira recuperar a certificação. Segundo a carta enviada à istração da universidade, a instituição deve fornecer todos os registros e arquivos de áudio e vídeo que envolvam atividades perigosas, ameaçadoras ou ilegais de estudantes estrangeiros matriculados nos últimos cinco anos. Além disso, outra exigência da gestão do republicano é que Harvard entregue todas as filmagens que envolvam protestos dos últimos cinco anos no campus de Cambridge.

O porta-voz da universidade, Jason Newton, chamou a ação do governo de "ilegal". "Estamos totalmente comprometidos em manter a capacidade de Harvard de receber estudantes e acadêmicos internacionais, vindos de mais de 140 países e que enriquecem imensamente a universidade — e esta nação", disse ele.

Estamos trabalhando rapidamente para fornecer orientação e apoio aos membros da nossa comunidade. Esta ação retaliatória ameaça causar sérios danos à comunidade de Harvard e ao nosso país, além de minar a missão acadêmica e de pesquisa de Harvard.
Jason Newton

Tensão com o governo Trump e corte bilionário

Decisão ocorre após ameaça do governo Trump. Em abril, a universidade foi informada de que se não fornecesse registros detalhados sobre "atividades ilegais e violentas" de seus estudantes internacionais antes de 30 de abril enfrentaria a perda de sua certificação.

O cancelamento da certificação pode gerar graves consequências financeiras para Harvard. Ainda segundo o governo, os atuais estudantes internacionais de Harvard precisarão se transferir ou perderão seu status legal.

Governo já havia cortado US$ 2,2 bilhões (R$ 12,4 bilhões) em financiamento federal para Harvard. De acordo com a gestão de Donald Trump, o corte foi motivado porque ocorre discriminação no campus da universidade.

Universidade foi primeira a rejeitar exigências de Trump. Em uma carta assinada por dois advogados da universidade dirigida à istração republicana, Harvard, uma das instituições de ensino mais respeitadas do mundo, afirma que "não renunciará à sua independência, nem aos direitos que a Constituição lhe garante".

Harvard foi palco de protestos pró-Palestina por estudantes. O governo Trump e a reitoria da universidade tomaram muitas ações desses protestos como antissemitas, e alguns alunos chegaram a ser suspensos. A instituição afirmou ter adotado importantes medidas nos últimos 15 meses para combater o antissemitismo, e está "em uma situação muito diferente da de um ano atrás".

Trump já cortou US$ 400 milhões da Universidade de Columbia por protestos. Ao contrário de Harvard, a instituição se comprometeu a realizar reformas drásticas exigidas pela istração para tentar recuperar esses fundos.

Notícias