Mulher morta por marido PM em clínica levou 3 tiros e 51 facadas, diz laudo

A empresária Amanda Fernandes Carvalho, que foi assassinada pelo marido, o sargento da PM Samir Carvalho, no dia 7 de maio, levou três tiros e 51 facadas em diversas partes do corpo, conforme o laudo necroscópico realizado no corpo da vítima e revelado agora.
O que aconteceu
Amanda sofreu ferimentos em órgãos vitais como o fígado e os pulmões. Ela foi atingida pelos tiros de arma de fogo no peito, nas costas e no braço, enquanto os golpes de faca atingiram o rosto, o tronco e a coxa dela.
Vítima foi atingida principalmente no lado direito do corpo. Conforme a investigação, os tiros efetuados pelo PM foram feitos à distância, mas não há uma precisão de há quantos metros ele atirou. Laudo mostrou que há sinais que ela tentou se defender com as mãos e os braços.
Empresária foi vítima de uma "morte violenta", afirma o laudo do IML. Amanda sofreu uma hemorragia interna decorrente dos ferimentos provocados pela arma de fogo e a faca. Ela não resistiu e morreu no local em que foi atacada.
Filha da empresária e do PM também foi atingida pelos disparos. A menina de 10 anos foi baleada no antebraço e nas pernas, ficou cinco dias internada, mas já recebeu alta.
Polícia realizou reconstituição do caso hoje. Samir, que está preso, foi levado pelos policiais para participar da reconstituição do dia em que ele matou a esposa. Ele foi recebido por uma multidão em frente à clínica onde o crime foi praticado com cartazes que pediam por justiça.
SSP informou que o caso ainda é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher de Santos. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que testemunhas já foram ouvidas, inclusive os policiais militares que estavam na clínica no dia em que Amanda foi assassinada. Secretaria também informou que um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar a conduta de Samir.
Defesa de Samir preferiu não se manifestar. O advogado Paulo de Jesus, que representa o militar, informou que aguarda o término da investigação, mas ressaltou que Samir vai colaborar com a investigação.
Relembre o caso
Amanda chegou à clínica de dermatologia no bairro do Marapé na manhã do dia 7 de maio, para acompanhar a filha em uma consulta médica. Pouco depois, o sargento Samir Carvalho apareceu no local. A vítima já havia relatado ao círculo próximo que vivia sob ameaça e temia ser morta pelo companheiro.
A empresária se isolou com a filha e o médico em uma das salas. Trancada em uma sala, Amanda conseguiu enviar uma mensagem pedindo socorro, e a Polícia Militar foi acionada.
Quando os policiais chegaram, Samir alegou não estar armado e levantou a camisa. A entrada dele foi então liberada. Minutos depois, ele foi até outra sala da clínica onde havia escondido uma pistola calibre .40. Em seguida, atirou contra a esposa e a filha, e esfaqueou Amanda mais de 50 vezes. A filha foi socorrida e sobreviveu. Samir foi preso em flagrante e levado ao presídio militar Romão Gomes, em São Paulo.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.