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Câmara de Representantes aprova projeto de orçamento de Trump

22/05/2025 14h53

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira(22) o projeto de lei de cortes de gastos e alívio fiscal do presidente Donald Trump, que inclui um imposto de 3,5% sobre remessas. 

Críticos do texto, que Trump chama de "grande e belo", acreditam que dizimará o sistema de saúde e aumentará a dívida se aprovado pelo Senado. 

O pacote foi aprovado por um voto (215 contra 214) depois que o presidente da Câmara, Mike Johnson, reprimiu uma rebelião na ala direita do partido que ameaçava sua aprovação. 

Trata-se do eixo central da agenda de política interna de Trump, que pode definir seu segundo mandato na Casa Branca, após o primeiro de 2017 a 2021. 

O projeto de lei reforça sua visão de uma nova "Era de Ouro". Na prática, reduz os programas da Seguridade Social para financiar uma ampliação de seus cortes de impostos de 2017. 

Inclui um imposto de 3,5% sobre remessas, em vez dos 5% inicialmente planejados, o que o governo da presidente mexicana Claudia Sheinbaum criticou, considerando-o "dupla tributação". 

Na rede social X, o embaixador mexicano nos Estados Unidos, Esteban Moctezuma, descreveu a redução como "uma boa notícia", mas, se aprovada pelo Senado, será um golpe no bolso dos migrantes. 

Para Mike Johnson, esta legislação é uma daquelas que "transforma a nação e muda vidas". 

"É o tipo de mudança transformadora que as gerações futuras estudarão um dia. Lembrarão deste dia como um ponto de virada na história americana." 

Trump comemorou nas redes sociais o que chamou de "possivelmente a legislação mais significativa já assinada". 

No entanto, o pacote enfrenta o ceticismo dos republicanos linha-dura, que alegam que o país caminha para a falência. 

Analistas independentes alertaram que o déficit pode aumentar em até US$ 4 trilhões (R$22 trilhões) em uma década. 

A Casa Branca fez projeções muito mais otimistas do que o consenso geral. Estima que o pacote impulsionará o crescimento em 5,2%, o que evitaria o aumento da dívida nacional de US$ 36 trilhões (R$ 202 trilhões). Os investidores não parecem convencidos.

- Devastador -

Os democratas chamaram o projeto de lei de "devastador" para a classe média. 

Com base em dados do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), os democratas afirmam que cortes no seguro de saúde público para americanos de baixa renda privariam cerca de oito milhões de pessoas de cobertura. 

O líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, resumiu: "O maior corte na assistência médica da história dos Estados Unidos (...) para promulgar as maiores isenções fiscais para bilionários da história dos Estados Unidos." 

Os índices de aprovação de Trump caíram desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, mas sua capacidade de unir os republicanos da Câmara, normalmente polarizados, destacou sua influência sobre o partido. 

O presidente pressionou os congressistas a aprovarem seu projeto em uma rara visita ao Capitólio na terça-feira, buscando diminuir a distância entre os falcões conservadores e os republicanos moderados. 

Os falcões consideram os cortes de US$ 700 bilhões (R$ 3,94 trilhões) no programa Medicaid insuficientes, um sinal de alerta para os moderados e possivelmente para Trump, que disse ao partido que não tocaria na Seguridade Social. 

Para apaziguar sua ala mais conservadora, Johnson antecipou em dois anos a implementação de requisitos de trabalho para beneficiários do Medicaid, para o final de 2026, e concordou em eliminar antes os créditos tributários às energias limpas. 

O projeto de lei provavelmente ará por pelo menos um mês de mudanças significativas no Senado, que pretende entregá-lo a Trump antes de 4 de julho para sua . 

A influência de Trump sobre a Câmara dos Representantes nem sempre se estende ao Senado, onde os senadores são reeleitos a cada seis anos.

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© Agence -Presse

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