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Não adianta reclamar: 3 erros que destroem a sua defesa após um acidente

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Imagem: Getty Images
do UOL

Colunista do UOL

14/05/2025 12h00

Acidente de trânsito é assunto sério, pois qualquer descuido pode custar uma vida. Para se ter uma ideia, no estado de São Paulo, entre janeiro e novembro de 2024, foram registradas 5.594 mortes, uma média de 16 por dia. Além das perdas humanas, esses episódios provocam processos, investigações e penalidades que podem afetar profundamente a vida do condutor envolvido.

Além de dirigir com responsabilidade, é fundamental saber como agir corretamente após um acidente. Em momentos de tensão, muitos motoristas cometem erros que prejudicam totalmente a sua defesa — mesmo quando não são os culpados. Por isso, a partir de agora veremos três principais condutas que devem ser evitadas ao se envolver em um acidente de trânsito.

1- Fugir do local do acidente

Esse é um dos erros mais comuns. Na hora do nervosismo, muitos motoristas acabam fugindo do local do acidente, mesmo quando não têm culpa. Mas essa atitude, por si só, já acaba gerando pesadas consequências ao condutor - e, claro, pode complicar, e muito, a sua situação.

Primeiro, todo condutor envolvido em um acidente tem o dever de prestar socorro às vítimas e adotar medidas para manter a segurança no local. Abandonar a cena é considerado uma infração gravíssima e pode trazer consequências sérias.

Além das sanções istrativas, como multa e pontos na CNH, o motorista também pode responder criminalmente — especialmente nos casos que envolvem feridos ou mortes.

Como penalidade, será aplicada uma multa multiplicada cinco vezes (chegando ao valor de R$ 1.467,35) e a suspensão do direito de dirigir. Ou seja: além dos possíveis danos físicos e materiais já causados pelo acidente, o motorista ainda poderá ter a sua CNH suspensa.

Mas a situação pode piorar. Se o condutor que provocou o acidente se afasta do veículo, como forma de fugir à responsabilidade que poderá recair sobre ele, ele poderá receber pena de detenção de seis meses a um ano, ou multa.

2- Não registrar provas

Quando um acidente ocorre, é importante registrar os fatos ocorridos para minimizar os riscos de controvérsias. Por isso, registrar provas é essencial para proteger os direitos do motorista e garantir uma apuração justa dos fatos.

Em muitos casos, as versões dos envolvidos são conflitantes, e sem registros concretos — como fotos, vídeos, relatos e dados de testemunhas — a defesa do condutor pode ficar fragilizada. Imagens da posição dos veículos, dos danos causados, das condições da via e da sinalização ajudam a esclarecer a dinâmica do acidente e a comprovar a responsabilidade real de cada parte.

Além disso, provas bem documentadas são fundamentais em processos istrativos (como recursos de multas ou suspensão da CNH), ações judiciais e até mesmo para acionar o seguro de forma correta. Câmeras de segurança, por exemplo, podem confirmar que o motorista estava dentro da legalidade, enquanto testemunhas podem reforçar sua versão dos fatos.

Quem registra, se protege. E quanto mais completo for o material reunido, maiores são as chances de uma defesa bem-sucedida.

3- Assumir a culpa no local e não chamar uma autoridade de trânsito

Assumir a culpa no local do acidente, principalmente sem ter clareza total do que aconteceu, é um erro grave que pode comprometer toda a defesa do motorista. Muitas vezes, a pessoa ite a responsabilidade por impulso, medo, pressão do outro condutor ou até para tentar resolver a situação mais rapidamente.

O problema é que essa declaração, ainda que informal, pode ser usada contra ela em processos istrativos, judiciais ou pela seguradora — mesmo que a dinâmica real do acidente mostre outro cenário. Uma simples frase como "a culpa foi minha" pode pesar mais do que qualquer argumento técnico posterior.

Além disso, deixar de acionar a autoridade de trânsito impede que haja um registro oficial e neutro dos fatos. O boletim feito pela polícia ou por agentes de trânsito serve como um documento essencial para reconstruir o ocorrido, identificar testemunhas, registrar a posição dos veículos e a situação da via.

Sem esse registro, a defesa do motorista fica baseada apenas em versões pessoais, o que torna muito mais difícil provar a verdade dos fatos. O ideal é manter a calma, não assumir culpa de imediato e sempre solicitar a presença da autoridade para garantir respaldo legal.

Motorista envolvido em acidente deve cumprir 5 obrigações

Procurar culpados em um acidente de trânsito é uma questão delicada. Na verdade, ninguém quer provocar e muito menos se envolver em um acidente. O condutor que se envolve em um acidente precisa ficar atento, pois o Código de Trânsito estabelece algumas condutas que devem ser imediatamente adotadas. Caso contrário, o motorista pode ser autuado pelo cometimento de infração.

O artigo 176 do CTB trata sobre essas condutas. Quando o condutor se envolve em um acidente, portanto, ele precisa:

se estiver em condições, prestar ou providenciar socorro à vítima;

adotar medidas para evitar riscos ao trânsito no local do acidente, como sinalização da via;

preservar o local o mais intacto possível, facilitando o trabalho da polícia e da perícia;

remover o veículo do local quando os agentes de trânsito determinam;

realizar a apresentação ao policial e ceder todas as informações necessárias à formulação do boletim de ocorrência.

Se o motorista não adotar essas medidas, quando estiver em condições de fazê-lo, ele poderá ser autuado pelo cometimento de uma infração gravíssima.

Como penalidade, será aplicada uma multa multiplicada 5 vezes (chegando ao valor de R$ 1.467,35) e a suspensão do direito de dirigir. Ou seja: além dos possíveis danos físicos e materiais já causados pelo acidente, o motorista ainda poderá ter a sua CNH suspensa.

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