'eio pela minha vida', disse Salgado sobre exposição em cartaz em Paris
Sebastião Salgado morreu hoje aos 81 anos, em Paris. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra. Uma exposição do artista está em cartaz na França desde março.
O que aconteceu
Exposição está aberta ao público até o dia 1º de junho de 2025. A mostra está em cartaz no centro Les Franciscaines, em Deauville, e foi organizada em colaboração com a Maison Européenne de la Photographie, que possui mais de 400 obras suas no acervo, segundo a Forbes.
Fotos da exibição focam na relação entre a humanidade e a natureza. Texto divulgado pelo centro artístico afirma que as imagens colocam, no centro, os desafios ambientais e sociais que o mundo enfrenta.
"Foi como fazer um eio pela minha vida." Foi assim que Salgado descreveu a mostra que está em exibição, durante entrevista à Forbes. "Quando chegamos lá, fizemos um eio pela exposição. E, para mim, foi como fazer um eio pela minha própria vida. Eu tive o privilégio — porque é um privilégio — de ter podido ir a todos esses lugares", disse o fotógrafo ao veículo.
Na mesma entrevista, Salgado disse que já chorou em diversos momentos enquanto fotografava. "Quantas vezes na minha vida eu pus a câmera de lado e sentei para chorar? Por que era dramático demais, e eu estava sozinho. Esse é o poder do fotógrafo: poder estar lá", falou.
Fotógrafo comentou ainda momentos históricos que vivenciou. Entre elas, Salgado falou sobre o genocídio em Ruanda. Fotógrafo chegou a ficar doente. "Cheguei a um campo de refugiados e vi 15 mil, 20 mil pessoas morrerem todos os dias. Já não era mais possível enterrá-las uma a uma. Era preciso usar escavadeiras para abrir buracos enormes e despejar 20 ou 30 corpos de uma vez. Foi tão brutal que fiquei doente — realmente doente. "
Tive vergonha de ser fotógrafo. Tive vergonha de fazer parte da espécie humana, porque até então, eu só havia fotografado uma espécie: a nossa. Sebastião Salgado à Forbes