Viúva de Sebastião Salgado comprou sua 1ª câmera; relembre a história deles
O fotógrafo Sebastião Salgado, de 81 anos, morreu em Paris. Ele enfrentava complicações decorrentes de uma malária contraída em 1991. Salgado iniciou a carreira apenas aos 30 anos, deixando para trás a profissão de economista. Sua primeira câmera foi "roubada" da esposa, Lélia.
O casamento e a carreira
"Lélia foi uma das moças mais bonitas do mundo", disse ele ao jornal "El País". O casal se conheceu quando ela tinha 17 anos e ele, 20, na Aliança sa de Vitória (ES). Juntos, quando Salgado completou 30 anos, aram a se dedicar à fotografia.
Ela havia comprado a primeira câmera que os dois tiveram, quando o casal morava na França. Estudante de arquitetura, precisava registrar imagens dos trabalhos de campo. Na época, Salgado fazia doutorado em economia. No entanto, ele se encantou tanto com o novo equipamento que acabou se apossando dele. "Ele roubou [a câmera] de mim. Ele brincava. Montou um pequeno laboratório no nosso quarto na Cidade Universitária e começou a fazer fotos muito bonitas", contou Lélia ao "El País".
No quarto universitário, o casal criou um espaço dedicado à revelação das fotos feitas por Salgado. No início, moravam em uma residência estudantil. Foram necessárias décadas de trabalho e aperfeiçoamento para que o material atingisse o nível profissional que o consagrou.
Sebastião foi um autodidata na fotografia. Dedicando-se intensamente à nova profissão, ganhou notoriedade após ingressar em agências como a Sigma e a Magnum. Nessas instituições, teve a oportunidade de observar outros fotógrafos em ação e aprender truques com especialistas.
Sebastião e Lélia formavam uma verdadeira dupla: ele registrava as imagens e ela cuidava da edição. "O que eu sei fazer ele não sabe. E vice-versa. Sebastião trabalha com muitos elementos diferentes. Cabe a mim imaginar como organizá-los e, com eles, inventar uma história", explicou Lélia ao "El País".
Lélia é a responsável pela curadoria e cenografia das exposições fotográficas de Sebastião Salgado. Também fez a edição e diagramação de seus livros.
Ambientalista, ela criou em 1998 com ele o Instituto Terra. A organização se dedica à restauração de áreas florestais degradadas e à promoção do desenvolvimento rural sustentável no Vale do Rio Doce, região que abrange municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.