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Entre decepção e resistência: Rússia e EUA cada vez divididos diante da postura de seus presidentes

22/05/2025 15h07

A revista semanal Le Point dedica cinco páginas a uma reportagem especial mergulhando "no coração da Rússia de Putin". "Após três anos de guerra, a população russa oscila entre apoio, desilusão e ressentimento", afirma o enviado especial do veículo francês ao país dos czares. Também nas bancas esta semana na França, a Nouvel Obs desenvolve em seis páginas uma reportagem especial sobre a "resistência anti-Trump", que, segundo a revista sa, começa a se organizar no gigante norte-americano.

A revista semanal Le Point dedica cinco páginas a uma reportagem especial mergulhando "no coração da Rússia de Putin". "Após três anos de guerra, a população russa oscila entre apoio, desilusão e ressentimento", afirma o enviado especial do veículo francês ao país dos czares. Também nas bancas esta semana na França, a Nouvel Obs desenvolve em seis páginas uma reportagem especial sobre a "resistência anti-Trump", que, segundo a revista sa, começa a se organizar no gigante norte-americano.

A reportagem da revista Le Point fala da Rússia como um "país foi isolado pelas nações ocidentais", mas explica que isso "pouco afeta o cotidiano da maioria, já que quem combate pertence a uma minoria que, muitas vezes por motivos financeiros, escolheu se alistar". Mas, segundo a publicação, a angústia cresce com o ar do tempo: "Quem garante que um dia meus filhos não terão que ir terminar o serviço?", perguntam-se, com receio, muitos dos entrevistados que conversaram com o enviado especial do veículo francês ao país.

"Já a relação com o Ocidente mudou drasticamente: a paciência e a indiferença deram lugar a uma forte decepção e a um ressentimento profundo, mesmo com as duras sanções não impedindo as elites de manterem um estilo de vida ostensivamente luxuoso", detecta Le Point.

Para a revista, que entrevistou russos dos quatro cantos do gigante pós-soviético, a "continuação de uma grande guerra patriótica", feita por "heróis", não é de forma alguma um consenso na Rússia de Putin atualmente. Como o jovem jornalista Kostia, que decidiu se mudar para o interior durante a pandemia e acabou ficando.

Ele confirmou à revista sa que existe pressão sobre todo cidadão em idade de combate que deseje contrair um empréstimo no país. Como tantos outros, o jovem considerou a hipótese de deixar a Rússia, mas continua em dúvida. "Para alguns, o heroísmo é desertar. Para outros, é lutar!", reflete ele, ciente de que os mísseis na Ucrânia não atingem apenas alvos militares e de que, se ainda fosse jornalista em Moscou, "teria virado mais um porta-voz de Putin", conclui em entrevista à revista Le Point.

Resistência silenciosa

Do outro lado do globo, um outro império organiza sua resistência contra o patrão: a revista Nouvel Obs investiga as estratégias do coletivo Indivisible, junto a diversos grupos de mobilização cidadã e a alguns parlamentares, liderando o que a publicação chama de "guerrilha contra Trump". 

"A primeira mobilização, em 4 de fevereiro, diante do Departamento do Tesouro, para protestar contra a tomada do local por Elon Musk, foi organizada por eles. O apelo ao boicote aos carros da Tesla, marca simbólica do 'brother' de Donald Trump, também", publica a revista, em tom irônico, revelando a identidade dos criadores do movimento: "um casal na faixa dos 40 anos: Ezra Levin e Leah Greenberg. Ele, especialista em combate à pobreza, foi assessor parlamentar do democrata texano Lloyd Doggett. Ela, especialista em tráfico de pessoas, trabalhou na campanha de um candidato a governador na Virgínia", escreve Nouvel Obs.

Entre grandes manifestações e coordenação com universidades de prestígio como Harvard, o casal entrou subitamente para a lista das "100 pessoas mais influentes" da Time Magazine em 2019. "Os protestos contra Trump hoje não têm o mesmo formato das grandes marchas de 2017, mas são muito mais numerosos, frequentes e caminham para formas de resistência mais eficazes", explica a revista, concluindo que "a chave está em conquistar as classes populares", "como fez Bernie Sanders, percorrendo os EUA desde 21 de fevereiro com sua turnê Fighting Oligarchy (Luta contra a oligarquia)".

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