Augusto Melo descarta renúncia no Corinthians, e Gaviões pede afastamento
O presidente Augusto Melo descartou renunciar à presidência do Corinthians após ser oficialmente indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro no caso Vai de Bet, antiga patrocinadora máster do clube. Ele concedeu entrevista coletiva ao lado de seu advogado, Ricardo Cury, na tarde de hoje dentro da Neo Química Arena.
Enquanto isso, a Gaviões da Fiel, principal organizada do clube, pediu o afastamento imediato do presidente para "preservar a imagem do Corinthians".
Não a pela minha cabeça em hipótese nenhuma renunciar, não devo nada. [...] Não tenho envolvimento nenhum nisso. Confio na Justiça. Eu, mais do que ninguém, quero essa investigação. Venho me colocado à disposição de tudo. Faço questão que a Justiça termine. Por que parou agora? Tem que dar sequência. [...] Não vou renunciar, não penso em renúncia.
Isso não é manchar o Corinthians. O Corinthians vem sendo manchado em várias situações antes da minha gestão. Ao contrário: eles fazem com que o Corinthians continue sendo manchado. São eles, não eu. Eu sempre preservei porque sei da minha competência e da instituição que represento, na qual posso buscar grandes receitas — e é o que venho fazendo. Sempre procurei trabalhar Augusto Melo, presidente do Corinthians
O que mais ele falou?
Manifesto da Gaviões pró-afastamento. "Meu F é muito limpo. Tentaram de tudo quanto é forma cancelar a minha candidatura, eles já sabiam que eu ganharia. Minha vida sempre foi limpa. Fico triste, porque a Gaviões — assim como todos os torcedores — está lendo e ouvindo o que vocês falam. Vocês estão me julgando sem provas. Quando eu for absolvido, o que vão falar do meu F? Não tem provas. Estou muito tranquilo, quem me conhece, e gente muito importante, está me dando apoio — e gente que conhece muito de direito. Eu sou o mais interessado que todos para que se investigue até o final."
Relação com organizadas. "A gente sabe do descontentamento da torcida e fico chateado porque eles estão comprando o que vem daqui de fora. Sempre participei de reuniões com a torcida mostrando o planejamento. Em todas as viagens que fiz pela América do Sul, sempre conversei com os presidentes dos clubes para tratar bem nossa torcida. Congelei ingresso durante um ano para lotar nossa arena e agradar ao nosso torcedor. Também ei por isso. É trabalhar como venho fazendo para reconquistar tudo."
Negligenciar voz da torcida? "Não é negligenciar, mas a torcida precisa saber o que é verdade. O torcedor normal não sabe o conteúdo de tudo, tem um cunho político e bravo. Brigamos contra um sistema bruto. Veja como a gente pegou o Corinthians e como ele está hoje, mesmo com toda essa mancha que veio do ado. Me cobravam uma auditoria independente, eu paguei uma auditoria e está provado que tem erro nas contas. Há indícios de erros nas contas de 2023 comprovados por perícia. Estou mostrando para a torcida para o bem do Corinthians. Me dá uma coisa que eu fiz errado, e aí sim eu vou embora. Tenho certeza que vamos reverter isso. Espero que o torcedor tenha paciência."
Desgaste. "Tentaram me sufocar. Você nunca viu o que fizeram comigo. Primeiro, me sufocaram financeiramente, e agora tentam emocionalmente. Não estou aqui por acaso. Tem um conselho sério e que sabe da responsabilidade dele, que pode encerrar um ciclo que o Corinthians jamais teve. O impeachment atrapalha o Corinthians."
Vai de Bet. "Eu nunca ouvi falar da Vai de Bet, não jogo, nunca joguei em jogo [de apostas] nenhum, eu não conhecia a Vai de Bet. Falei para o Marcelinho [Marcelo Mariano]: 'toca aí que a gente conversa depois'. Não dei importância. Não era nem para fechar, foi uma conversa e só fui lá para isso, no qual pedi um valor. Quando baixou um pouquinho, fui para o meu compromisso. Fiquei sabendo que poderia ter outro intermediário quase um ano depois. Eu assino depois que todo mundo assinou, é da mesma forma com todos os patrocínios."
Credibilidade. "Quanto ao clube, eu nasci praticamente ali e conheço todo mundo. Todo mundo me conhece. Nunca tive uma conduta diferente. Sou o mesmo que era antes, jogo futebol, converso com todo mundo.... a gente vai provar a inocência tranquilo, é tentar reconquistar tudo isso de novo — se é que tem algum tipo de descontentamento dessas pessoas que tive amizade."
Oposição atrapalhando. "Durante todo meu período de gestão, na véspera de um jogo, soltavam algumas coisas. Em uma grande vitória, soltavam alguma coisa. É o que acontece agora. Na véspera das outras duas reuniões, teve matéria de 'Fantástico'. O que teve lá? Nada. Volto a repetir: quantas negociações eu fiz fora a Vai de Bet? Teve intermediário em algumas, qual o problema que teve? É complicado. Já negociei com intermediário, com agência, com presidente das empresas... é a mesma negociação. Nunca só, sempre com autorização do jurídico e aprovação do compliance. Foi a mesma negociação, e estão batendo só nisso. Não tem nada, mas é o Corinthians"
O que Ricardo Cury falou?
Indiciamento. "Não há nada que incrimine o presidente Augusto. Tenho um diálogo republicano e respeitoso com todas as autoridades envolvidas. Não há condições de indiciamento dele. Se pegarmos esse relatório do delegado Tiago e delegarmos para uma série de delegados para que eles examinem de forma acadêmica, eu duvido que a maioria defenda o indiciamento. É um caso típico para levar para a sala de aula."
Versão da defesa sobre . "A defesa do presidente vai apresentar na reunião de segunda-feira o que era de competência do Augusto com relação a intermediação, até para a gente entender de uma forma simples. O presidente foi comunicado, depois do fechamento do negócio, por auxiliares, de que tinha intermediário — como acontece em outras operações. Não é papel do presidente Augusto, como não é de um presidente ou de um governador, conhecer tudo e examinar tudo, ainda mais no início de uma gestão. O Augusto, ao perceber a informação, determinou o encaminhamento aos órgãos competentes do Corinthians, e são vários, inclusive diretoria jurídica e compliance."
Último a . "O que o Augusto faz, a partir de então, é aguardar a informação final se ele deve ou não o contrato. Isso circulou por todos os órgãos do Corinthians e da Vai da Bet, e o Augusto foi o último a . Ele só assinou porque seus auxiliares, inclusive o diretor jurídico, falaram: 'pode '. Tinha também do intermediário. O presidente não tem mais como se inteirar do assunto. A volumetria de trabalho do Corinthians é muito grande. O presidente foi, participou da conversa e fechou negócio. Foi comunicado, houve uma diminuição da taxa de intermediação... ele não sabe se a empresa X, Y ou Z fez a intermediação. a por todo mundo e, se estiver tudo em ordem, ele assina."
Papel do presidente. "O Augusto não teve contato com intermediário. Esta discussão de percentual se deu entre presidente e um de seus auxiliares. O auxiliar levou para ele a ideia de quanto o intermediário imaginava receber. A negociação se deu entre o presidente e um auxiliar dele."
Próximos os. "A defesa tem instruído o presidente para usar todas as instâncias. Nós vamos usar todo o tempo para sustentar a inocência do presidente. Só nos resta uma defesa mais profunda na segunda-feira. É preciso ter muita calma e muita serenidade nessa hora."