Em giro europeu, presidente argentino Milei se reúne com Leão XVI antes de ir à França
O papa Leão XIV recebeu o presidente argentino Javier Milei no Vaticano neste sábado (7), quando ambos enfatizaram questões como "a luta contra a pobreza e o compromisso com a coesão social", segundo a Santa Sé. No domingo (8), ela voará para Nice, no sul da França, para participar da Conferência da ONU sobre os oceanos e se encontrar com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Desde sexta-feira (6), o presidente argentino Javier Milei está em turnê pela Europa, com escalas na Itália, Vaticano, Espanha e França. Ele voará para Israel na segunda-feira (9) e retornará a Madri na quinta-feira (12).
Neste sábado, ele foi recebido em audiência pelo papa Leão XIV no Palácio Apostólico do Vaticano, seguido pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, e pelo Subsecretário para as Relações com os Estados, Miroslaw Wachowski, informou a Santa Sé.
Milei discute 'coesão social e pobreza' com papa Leão XIV
"Durante as cordiais discussões realizadas na Secretaria de Estado, foi reiterado o apreço mútuo pelas sólidas relações bilaterais e o desejo de fortalecê-las ainda mais", afirmou o Vaticano em um breve comunicado.
"Em seguida, foram abordadas questões de interesse comum, incluindo a evolução socioeconômica, o combate à pobreza e o compromisso com a coesão social", acrescentou a Santa Sé, observando, sem maiores detalhes, que "os conflitos em curso" e "a importância de um compromisso urgente com a paz" também foram discutidos.
Na tradicional troca de presentes, o presidente, um economista ultraliberal que defende a máxima desregulamentação econômica, transmitiu sua mensagem ideológica ao presentear o agostiniano Leão XIV com um livro do economista austríaco Friedrich Hayek, "A Arrogância Fatal". Milei também presenteou o papa com uma capa de vicunha feita em Catamarca e alguns livros do economista espanhol Jesús Huerta de Soto, expoente da Escola Austríaca de Economia e irado pelo presidente argentino.
No vídeo disponibilizado pela Santa Sé, o pontífice pode ser ouvido cumprimentando o presidente em espanhol: "Bom dia, senhor presidente, seja bem-vindo". Durante o encontro, o pontífice confirmou a Milei que visitará a Argentina, disse o porta-voz presidencial argentino, Manuel Adorni, na X.
Leão XIV, o primeiro papa americano da história, foi missionário e bispo no Peru, país onde adquiriu nacionalidade, e tem grande interesse pela América Latina. Ele foi nomeado cardeal pelo papa Francisco, que era natural da Argentina, com quem Milei teve desentendimentos antes de tentar uma reconciliação durante uma visita ao Vaticano em fevereiro de 2024.
Milei não pôde comparecer à missa de abertura de Leão XIV em 18 de maio no Vaticano porque coincidiu com as eleições legislativas locais em Buenos Aires. Este sábado foi, portanto, o primeiro encontro deles.
Encontro com Meloni e continuação da turnê
Na véspera, o presidente ultraliberal argentino se encontrou em Roma com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, com quem demonstrou sintonia política. A visita foi o cenário escolhido para a de um acordo entre a petrolífera estatal argentina YPF e a empresa italiana de energia ENI para a exportação de gás natural liquefeito do país sul-americano. O acordo prevê "exportações de mais de US$ 100 bilhões para a Argentina em 20 anos", segundo comunicado do governo argentino.
Milei ficará em Madri até domingo (8). Ela não agendou nenhum encontro com o chefe de governo, o socialista Pedro Sánchez, com quem já trocou ataques no ado, nem com o rei Felipe, mas fará um discurso no domingo em um fórum econômico.
No domingo, ela voará para Nice, no sul da França, para participar de um encontro internacional sobre os oceanos das Nações Unidas, que começa na segunda-feira, e se encontrar com o presidente francês, Emmanuel Macron.
De lá, Milei viajará para Tel Aviv na segunda-feira, onde deverá reiterar seu apoio ao Estado de Israel. Esta é sua segunda visita ao estado hebraico como chefe de Estado. Ele se encontrará com o presidente Isaac Herzog e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na terça-feira (10).