BCE deve ficar atento a aumentos de preços decorrentes de tarifas dos EUA, diz Schnabel
Por sco Canepa
DUBROVNIK, Croácia (Reuters) - O Banco Central Europeu tem feito um "grande progresso" na contenção da inflação, mas deve ficar atento a novos aumentos de preços causados pelas tarifas dos Estados Unidos, disse a membro do BCE Isabel Schnabel neste sábado.
O BCE cortou a taxa de juros na quinta-feira pela oitava vez ao longo do último ano e sinalizou pelo menos uma pausa no próximo mês, enquanto espera que as perspectivas de crescimento e inflação fiquem mais claras.
Schnabel, a voz mais proeminente no campo "hawkish" (agressivo no combate à inflação) do BCE, comemorou o retorno da inflação à meta de 2% do banco.
"Acho que temos feito um grande progresso e, como vocês sabem, nosso número mais recente de inflação ficou até mesmo abaixo de 2%", disse Schnabel em uma conferência em Dubrovnik.
"É claro que isso foi, em grande parte, impulsionado pela energia, mas vemos que os componentes mais persistentes também estão caindo e isso é uma notícia muito, muito boa."
O presidente do banco central da Croácia, Boris Vujcic, disse que o BCE está "quase terminando" de cortar os juros, desde que a inflação se estabeleça em 2%, como esperado.
Porém, como o BCE agora projeta uma inflação de 1,6% para o próximo ano, outras autoridades, especialmente o presidente do banco central de Portugal, Mário Centeno, estão preocupados com a possibilidade de uma desaceleração excessiva.
Schnabel disse que o BCE deveria, em vez disso, mudar seu foco para possíveis novos "choques", como uma guerra comercial global travada pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, contra seus parceiros comerciais.
Ela citou pesquisas acadêmicas que mostram que um aumento de 1% nos preços ao produtor em todo o mundo resultaria em uma alta de 0,2%, em média, nos preços ao produtor na zona do euro.
"Mesmo na ausência de retaliação, espera-se que as tarifas sejam inflacionárias e ainda mais se houver retaliação", disse ela.