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Stalker que enviou 1.300 mensagens a médico em um dia é condenada em MG

Kawara Welch chegou a ser presa por perseguir um médico em Minas Gerais - Reprodução/Redes Sociais
Kawara Welch chegou a ser presa por perseguir um médico em Minas Gerais Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Do UOL, em São Paulo

30/05/2025 10h44Atualizada em 30/05/2025 14h47

A Justiça de Minas Gerais condenou Kawara Welch Ramos de Medeiros a 10 anos, 7 meses e dois dias de prisão. Ela ou anos perseguindo um médico no estado, chegando a enviar 1.300 mensagens e fazer 500 ligações para a vítima em um dia. Cabe recurso da decisão.

O que aconteceu

Artista plástica foi condenada por crimes de perseguição contra o médico, a esposa dele e o filho do casal. Ela também vai responder pelo roubo das chaves de um carro e do celular da esposa do profissional com uso de violência e por desobedecer decisão judicial de medidas protetivas.

A maior pena de Kawara foi pelo crime de roubo, com 6 anos e 8 meses de condenação. A avó dela, Dalva Ramos, também foi condenada ao mesmo período de reclusão pela subtração dos itens. Em interrogatórios policial e judicial, Dalva negou o roubo e a agressão à mulher do médico. Porém, no decorrer do processo, a avó de Kawara itiu ter pegado o celular, mas por pensar que era o seu.

Decisão aponta que a perseguição ocorreu entre 2020 e 2023. Kawara utilizava recursos tecnológicos para monitorar as vítimas, vigiava o médico, a companheira dele e o filho do casal, e chegou a fazer montagem da esposa do profissional com outros homens. A esposa do profissional da saúde desenvolveu síndrome do pânico e insônia após o caso, segundo o documento.

Apesar da condenação, a Justiça decidiu manter a prisão domiciliar de Kawara. O magistrado André Luiz Oliveira manteve a domiciliar por entender que não houve nenhum fato novo que justificasse a mudança de regime da condenada. Ela foi presa em maio de 2024 e ficou detida até este mês. O judiciário também determinou que Dalva continue respondendo ao processo em liberdade.

Justiça determinou que Kawara e Dalva paguem R$ 33.500 de indenização ao médico e família por danos morais e materiais. O UOL procurou o advogado do médico, Hudson de Freitas, mas ele afirmou que não vai se manifestar em virtude de o processo estar em segredo de Justiça.

A reportagem entrou em contato com a defesa das condenadas e aguarda retorno. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.

Entenda o caso

Kawara chegou a ligar para o médico mais de 500 vezes em um dia. Jovem alegou que vivia relacionamento com o homem, que sempre negou o envolvimento amoroso. O nome dele não foi divulgado.

Além das ligações, a jovem enviou 1.300 mensagens para ele. Ela também cadastrou mais de 2.000 números de telefone após ser bloqueada sucessivamente pelo médico.

A artista plástica tentava contato de inúmeras formas. Ela enviava emails, o perseguia na rua, ia até o local de trabalho da vítima e até na casa dele, em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.

Kawara fez ameaças contra a família do médico. O filho dele, que na época tinha 8 anos, também foi procurado pela jovem. No ano ado, a defesa do médico disse que a artista foi atendida pelo profissional em 2018, em Ituiutaba, e a partir de então ou a procurá-lo em todos os plantões médicos.

Presa três vezes. Kawara foi presa pela primeira vez em 2021 devido à perseguição e coação contra o médico. Em 2023, a artista agrediu a mulher do médico, que foi arrancada do carro em frente à clínica do marido, e teve o celular e chave do carro roubados. Kawaa foi presa em flagrante em janeiro daquele ano, mas foi solta após pagar fiança de R$ 3.600 e deveria cumprir medidas cautelares.

Em março de 2023, foi decretada a prisão de Kawara novamente por descumprimento das cautelares. Ela ficou foragida até ser presa no dia 8 de maio de 2024 em uma universidade de Uberlândia, onde estudava nutrição.

No Brasil, 'stalking' pode levar à prisão

Lei que criminaliza o stalking (palavra para "perseguição", em inglês) foi sancionada em abril de 2021. A punição é de prisão em reclusão de seis meses a dois anos e multa. Pena pode ser aumentada se o crime for cometido contra criança, adolescente ou idoso, e contra mulher por razões da condição de sexo feminino.

O crime de stalking é definido como perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade
Artigo 147-A do Código Penal

O caráter mais importante da perseguição é a prática reiterada e obsessiva. Por exemplo: uma mulher recebe flores de um ex-namorado diversas vezes, sente-se incomodada e diz a ele que não gostaria mais de receber esse tipo de presente. O envio de flores, por si só, não é um crime. Mas o envio reiterado, que gera medo, angústia, a sensação de estar sendo vigiada e de não ter intimidade respeitada, pode se enquadrar no delito.

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