Moody's rebaixa perspectiva para nota do Brasil de positiva para estável
SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's Ratings rebaixou nesta sexta-feira a perspectiva da nota do Brasil de positiva para estável citando uma redução na probabilidade de melhora no perfil de crédito do país.
A agência também reafirmou a nota "Ba1" do país, um degrau abaixo do chamado grau de investimento, dado a países considerados como de baixo risco de calote.
O relatório da agência menciona uma "deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida" e um "progresso mais lento do que o esperado na resolução da rigidez dos gastos e na construção de credibilidade em torno da política fiscal, apesar do cumprimento das metas de resultado primário".
"A capacidade do governo de reduzir materialmente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o ônus da dívida no curto prazo continua limitada pela rigidez dos gastos e pelo aumento dos custos de endividamento", afirmou a Moody's.
"Esses desafios compensam o potencial positivo de crescimento do PIB e dos investimentos, além das reformas econômicas em andamento, que são amplamente favoráveis à qualidade de crédito do Brasil."
A Moody´s elevou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1 em outubro do ano ado, quando citou melhorias materiais no crédito e destacou o crescimento mais robusto do país do que o previsto e reformas que teriam dado resiliência a seu perfil de crédito. Na ocasião, a perspectiva do rating foi mantida em estável.
No comunicado desta sexta, a agência apontou como fator que poderia levar a uma redução da nota uma reversão ou menor efetividade dos esforços de consolidação fiscal que possa trazer um enfraquecimento adicional à confiança do investidor e resultar em um persistente enfraquecimento da capacidade de pagamento da dívida e de suas métricas.
A nota pode vir a ser elevada, por outro lado, em um cenário de "amplo consenso" entre governo e Congresso em torno do aprofundamento de reformas dos gastos públicos, disse a Moody´s. Entre os exemplos nessa direção citados pela agência estão medidas que reduzam o engessamento do Orçamento e a indexação de benefícios sociais ao salário mínimo.
Em nota divulgada logo após a decisão da Moody´s ter se tornado pública, o Ministério da Fazenda disse reafirmar seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais.
"Esse processo tem ocorrido – e continuará ocorrendo – por meio do trabalho conjunto entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional, que demonstraram eficácia ao aprovar diversas medidas relevantes, incluindo uma ampla reforma tributária", disse a Fazenda.
(Reportagem de André Romani e Patrícia Vilas Boas)