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Após fracasso, Lula relança Mais Especialistas no SUS com setor privado

do UOL

Do UOL, em Brasília

30/05/2025 12h30

O governo federal relançou hoje o programa voltado a diminuir a fila por médicos especialistas no SUS (Sistema Único de Saúde), após ficar emperrado durante um ano.

O que aconteceu

O novo formato visa aumentar o número de médicos e de locais de atendimento por meio de parceria com a iniciativa privada. A medida provisória, assinada nesta tarde pelo presidente Lula (PT), permite que hospitais privados e filantrópicos realizem consultas, exames e cirurgias de pacientes do SUS.

O foco é em atendimento de alta complexidade. Segundo a Saúde, a meta era ampliar o o da população a exames e consultas especializadas em oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia, áreas consideradas mais críticas.

Segundo o governo, não serão usados recursos do orçamento: o pagamento será descontado das dívidas destas instituições com União. "Agora, essa dívida vai ser transformada em mais atendimentos às pessoas", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no evento de lançamento no Palácio do Planalto.

Os hospitais ou instituições de saúde que não têm dívidas públicas também poderão se inscrever, abrindo uma espécie de crédito. "A gente vai dar um crédito para esses hospitais e esse crédito poderá ser usado para abatimento de tributos dali para frente. Ou seja, se abrir a porta para pacientes do SUS, terá a mão amiga da União", disse Padilha.

O governo investiu de R$ 2,4 bilhões só em 2025 para tentar resolver o gargalo, que bateu recorde em 2024. Só em janeiro, foram liberados R$ 590 milhões para isso. Segundo o ministério, a meta para o primeiro semestre era a conclusão de pelo menos 3,5 milhões de ciclos de atendimentos, mas, procurado pelo UOL em abril, não havia atualização desses números.

Programa reformado após fracasso

Relançado sob o nome "Agora Tem Especialistas", a iniciativa é uma reformulação do "Mais o a Especialistas", anunciado há mais de um ano. De alto interesse político para Lula, a não realização do programa era a principal crítica do presidente à ex-ministra Nísia Trindade, demitida em março.

A meta do governo era diminuir as filas por meio da simplificação do processo. Pacientes que se encaixam em quadros específicos entram em uma fila única de exames e atendimentos, num processo chamado OCI (Oferta de Cuidados Integrados), com promessa de conclusão total do ciclo em 60 dias.

O ministério não responde sobre avanço ou confirmação da meta. Os relatórios disponibilizados pela pasta mostram apenas a adesão de estados e municípios, que já chegou a 100%, porém sem tocar nos resultados práticos desta adesão, ou seja, o quanto a fila diminuiu ou quantas OCIs foram realizadas.

Lula abriu sua fala com uma defesa da ex-ministra. "Nísia fez um esforço quase desumano para o lançamento desse problema. Eu sei o quanto ela trabalhou, eu sei o quanto eu cobrei", afirmou o presidente. "Foi um erro meu não pedir pra convocar ela pra estar aqui nesse dia de hoje, porque seria também um dia marcante para ela."

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