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aporte forte do Brasil motivou Rússia a ter fabrica de espiões; entenda

aporte brasileiro atraiu os Russos  - Gilberto_Mesquita/Getty Images/iStockphoto
aporte brasileiro atraiu os Russos Imagem: Gilberto_Mesquita/Getty Images/iStockphoto
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/05/2025 05h30

O jornal americano "The New York Times" revelou, em uma reportagem investigativa, que espiões russos têm usado o Brasil como base há anos. A organização conseguiu obter certidões de nascimento verdadeiras para facilitar a movimentação de seus agentes no país. Todo esse esforço tinha um objetivo: conseguir documentos - incluindo aporte - brasileiros. Mas, afinal, qual é a força desse documento no cenário global?

Qual a importância do aporte brasileiro?

Até o momento, foram identificados pelo menos nove agentes russos utilizando identidades brasileiras falsas. A investigação da Polícia Federal já se estendeu a pelo menos oito países e contou com o apoio de serviços de inteligência dos Estados Unidos, Israel, Holanda, Uruguai e outras nações. O objetivo dos infiltrados não era espionar o Brasil, mas sim, adquirir a nacionalidade brasileira para obter documentos do país.

Diferentes rankings colocam o aporte brasileiro em posições variadas quanto à sua influência e poder. De acordo com a consultoria canadense Arton Capital, especializada em serviços financeiros e cidadania, o Brasil ocupa a 43ª posição em um ranking geral, mas é classificado na 11ª colocação em termos de influência, já que empata com outros países em diversos critérios. O aporte brasileiro é considerado o mais poderoso da América Latina.

Segundo essa análise, brasileiros podem entrar em 109 países sem a necessidade de visto. No total, o documento é aceito em 166 países: desses, 51 exigem visto na chegada e outros 6 pedem apenas uma autorização eletrônica de viagem. Já 32 países requerem visto obtido previamente — como nos Estados Unidos, que exigem visto para turistas brasileiros. Em média, o aporte brasileiro oferece o a 83% do mundo sem necessidade de trâmites burocráticos adicionais.

Já o Henley port Index posiciona o aporte do Brasil em 17º lugar no mundo. Esse ranking é baseado em dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), considerada a maior e mais confiável fonte de informações sobre viagens internacionais.

Segundo o levantamento da Henley, brasileiros atualmente têm o a 173 países sem a exigência de visto. Entre os países da América do Sul, dois vizinhos se destacam logo à frente do Brasil: o Chile, em 15º lugar, e a Argentina, em 16º.

Investigação começou após aviso da CIA

Em abril de 2022, cerca de dois meses depois de a Rússia invadir a Ucrânia, a CIA (inteligência norte-americana) enviou alerta ao Brasil. Na mensagem, dizia que um agente da inteligência militar russa havia se candidatado para um estágio no Tribunal de Haia, na Holanda. No mesmo período, a Corte começou a investigar crimes de guerra da Rússia na Ucrânia.

Agente russo tinha documentos brasileiros. Victor Muller Ferreira era, na verdade, Sergey Cherkasov. Ele foi barrado pela imigração da Holanda e estava no caminho de volta a São Paulo.

Sem base legal para prender Cherkasov, a PF ou a monitorá-lo. Até que os policiais conseguiram um mandado para prender o russo por uso de documentos falsos.

Cherkasov negou acusações de espionagem em depoimento. Conforme o jornal, ele se irritou com as perguntas, além de ter todos os documentos brasileiros autênticos, como aporte, título de eleitor e certificado de reservista.

Análise da certidão de nascimento fez história desmoronar. A PF constatou que a mulher registrada como mãe de Victor Muller Ferreira havia morrido. A família dela, porém, confirmou que ela não teve filhos. Já o pai, nunca existiu.

Dos espiões envolvidos, apenas Cherkasov continua preso. Ele foi condenado a 15 anos de prisão por falsificação de documentos, pena depois reduzida para cinco. Em uma aparente manobra para repatriá-lo, o governo russo alegou que ele era um traficante de drogas procurado e solicitou à Justiça sua extradição, mas não foi liberado pelo Brasil.

Com informação de reportagens de dezembro de 2024 e janeiro de 2024.

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