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'Governo se fechou no PT e se enfraquece', diz presidente de partido aliado

Antônio Rueda é presidente nacional do União Brasil - Foto: Divulgação
Antônio Rueda é presidente nacional do União Brasil Imagem: Foto: Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

22/05/2025 12h49

O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, afirmou que a gestão Lula não consegue fazer entregas e "se enfraquece dia a dia". Apesar de o seu partido integrar a base governista, com três ministérios, Rueda afirmou que o governo "se fechou no PT".

Em entrevista publicada hoje pelo jornal O Globo, Rueda, cuja origem está no PSL (partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente em 2018), avaliou que a federação da sigla com o PP deve apoiar um nome de centro-direita em 2026.

Governo "se enfraquece dia a dia"

Rueda afirmou que o governo se beneficiou politicamente, logo no início do mandato, com os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Mais de dois anos do episódio se aram, no entanto, e a gestão se enfraqueceu pela dificuldade de fazer entregas, na visão do dirigente partidário.

Sim, é fato que está enfraquecido. Logo no começo do mandato, o governo surfou politicamente na onda do 8 de Janeiro. Hoje, essa página é ado, e o governo não consegue fazer entregas. Com isso, se enfraquece dia a dia.
Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil

Lula ofereceu "ministérios mais periféricos"

Rueda avaliou que a federação União Brasil-PP, em vias de ser formalizada, tem posições periféricas no governo Lula — juntos, os dois partidos contam com quatro ministérios. Ele comparou a situação atual com o cenário no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Nossa relação com essa gestão é diferente do governo Jair Bolsonaro, quando os partidos estavam na cúpula do Executivo, a exemplo do Ciro Nogueira (PP), que era ministro da Casa Civil. Hoje o governo entrega ministérios mais periféricos.

Hoje, a minha crítica ao governo é que, por uma estratégia própria, se fechou no PT.

O União Brasil comanda os ministérios das Comunicações e do Turismo, e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ainda indicou Waldez Goes para a pasta da Integração e Desenvolvimento Regional (embora Goes seja do PDT).

Tendência a apoiar centro-direita em 2026

Rueda afirmou que a federação União Brasil-PP tende a apoiar um nome da centro-direita nas eleições presidenciais de 2026, e não a reeleição de Lula. Ao falar sobre possíveis candidatos para o próximo pleito, o dirigente partidário disse que Lula é o único jogador pelo campo de esquerda e citou que a "centro-direita tem vários" presidenciáveis.

A federação é um sistema vivo. A decisão da maioria vai prevalecer. Mas, hoje, a maioria pende para um projeto de centro-direita.

No campo da esquerda só há um jogador, que é o Lula. Na centro-direita, tem vários. (Os governadores) Ronaldo Caiado (GO), Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Jr (PR), Romeu Zema (MG), Eduardo Leite (RS), além de Eduardo Bolsonaro (deputado federal). Me parece um campo maior. É como o Ancelotti (técnico da Seleção Brasileira) escolhendo seu time.

Bolsonaro será "grande fiador"

O dirigente partidário defendeu que Bolsonaro, inelegível até 2030, precisa "nomear um sucessor". Ele ainda comentou a reunião que teve com o ex-presidente e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) na semana ada, que chamou de "encontro de camaradas".

Bolsonaro é a maior força política da direita. Qualquer decisão precisará ar por ele, será o grande fiador de uma candidatura deste campo. Em quem ele botar a mão, terá 30% das intenções de votos. Mas, hoje ele está inelegível e precisa, sim, pensar em nomear um sucessor.

Ele pensa que o capital político dele vai desidratando. Eu discordo. Mas, o sobrenome Bolsonaro em qualquer chapa traz força. Quanto ao nosso encontro com o Bolsonaro, foi uma visita de cortesia, um encontro de camaradas.

"Alcolumbre já escolheu lado de Lula"

Rueda afirmou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defende que o partido apoie a reeleição de Lula.

Um nome importantíssimo, como o Davi, vai defender a manutenção no governo. Ainda vamos definir isso à frente. Sou contra a hipótese de liberar a bancada para apoiar quem quiser.

Davi é presidente reeleito do Senado, é uma pessoa muito responsável e quer ajudar o país e o governo, ele não esconde isso de ninguém. Eu não vejo conflitos na condução do Davi. Ele já escolheu o lado dele, mas respeitará a decisão da federação, apesar de defender que fiquemos com o Lula.

Frente de direita sem Bolsonaro é "inviável"

Rueda chamou de "infeliz" a declaração do ex-presidente Michel Temer (MDB) sobre uma união da direita para 2026, sem citar, no entanto, o nome de Bolsonaro.

Acho que devem ter sintonia com Bolsonaro. Se conseguirem construir uma única candidatura de centro-direita, teremos algo muito forte. A fala do Temer foi infeliz, eu não consigo ver viabilidade eleitoral sem o ex-presidente. É inviável.

Quem negar a força política do Bolsonaro está cometendo suicídio político.

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