'Primo' do Uno: como é o carro que o papa adora e não poderá mais dirigir

Imediatamente após ter sido eleito papa, no dia 8 de maio, Leão XIV iniciou uma vida nova em que, do dia para a noite, velhos hábitos nunca mais poderão ser exercidos. Entre eles, um que deixará saudades no pontífice é guiar seu carro, cuja história é muito ligada ao Brasil.
Desde que retornou à Itália, em 2023, para ser prefeito do Dicastério dos Bispos, Prevost dirigia um Fiat Panda pelas ruas de Roma. "Não vou poder mais dirigir", lamentou Leão XIV em visita à Ordem de Santo Agostinho (à qual foi líder) na última terça-feira (13), em relato contado pela Piaui.
Na conversa com os agostinianos, ele já se locomoveu na comitiva papal, utilizando um Volkswagen Tiguan híbrido. Seus dois últimos anos, entretanto, foram a bordo do carro mais popular dos italianos e que serviu de base ao Fiat Uno brasileiro.
Fiat Uno italiano
A primeira geração do Panda foi apresentada em 1980, com design assinado pelo renomado projetista Giorgetto Giugiaro. Com foco na robustez e na simplicidade — tanto de manufatura quanto de produção —, o Panda deveria, entre outras coisas, levar no mínimo dois galões de vinho em seu porta-malas.
Os trabalhos que ocorriam na Itália chegaram ao Brasil, onde a marca também precisava de um novo carro compacto. Dessa forma, Giugiaro assinou o projeto do Fiat Uno, que aproveitou muitas das soluções mecânicas e estéticas do irmão europeu.
Não há registros conhecidos de Prevost em seu Panda, mas é bem provável que ele utilizasse a terceira geração do modelo. Muito semelhante ao último Uno brasileiro, ela ainda é vendida e permitiu que, em 2024, o Panda fosse o carro mais vendido da Itália pelo 15º ano consecutivo.
Difícil é adivinhar o combustível usado pelo papa, já que o Panda de segunda geração teve versões a gasolina, a gás natural, a diesel e uma versão flex, que rodava a gasolina ou gás natural.
Mas, ambientalista assumido, Prevost pode ter optado pelo Panda híbrido leve, que juntava um motor de Fiat Mobi (1.0 Firefly) a um pequeno motor elétrico.
Os 70 cv do conjunto levavam-no de 0 a 100 km/h em 13,9 s, e era difícil chegar a mais de 160 km/h. Por outro lado, o consumo oficial de gasolina era de 24,1 km/l.
A versão híbrida do Panda foi lançada em 2020, por 11.785 euros. Unidades com dois anos de uso podem ser encontradas na internet por cerca de 8.000 euros.
Por esse preço, não surpreende o interior simples, com decoração reduzida e detalhes como a central multimídia disponível só em versões mais recentes e caras.
Papa ao volante
Nascido e graduado nos Estados Unidos, é altamente improvável que Robert Prevost não tenha sido proprietário de diferentes carros até sua ordenação, em 1982. Além disso, o novo papa seguiu um viajante determinado durante sua vida religiosa.
O bispo Stephano Musomba, da Tanzânia, corroborou isso em relato ao jornal local. De acordo com Musomba, Prevost realizou uma viagem ao país africano em 2003 e precisava se deslocar entre diferentes cidades.
Cada trecho correspondia a 750 km, feitos em mais de 12h — o que não foi impedimento para Prevost. "Estávamos em Songea. Entramos no carro, com ele dirigindo, e fomos até Morogoro, onde ele recebeu os votos perpétuos de três de nossas irmãs, em 28 de agosto de 2003", contou Musomba.
Não obstante, quando o El Niño provocou fortes alagamentos no Peru, onde o papa ou boa parte da vida, foi preciso recorrer à tração animal.
Segundo a irmã Karina Gonzales, era comum que Leão XIV montasse em seu animal e seguisse por cerca de quatro horas morro acima, a fim de cumprir suas tarefas religiosas e angariar e aos flagelados pelas tempestades.
"Ele era assim: pegava o cavalo e ia à região da Serra do Norte, uma região montanhosa andina", explicou a franciscana da Imaculada Conceição, à Rádio Vaticano.