Galípolo diz que sinalização de Motta por reformas estruturais na economia é 'ótima notícia'

O presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, afirmou hoje que é uma "ótima notícia" a sinalização do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de tocar no Legislativo uma agenda de reformas estruturais para melhorar a trajetória da dívida e das contas públicas.
"Eu acho que a disposição que foi manifestada aqui pelo presidente da Câmara, presidente do Senado, junto com diversos ministros e com o próprio presidente Lula de discutir e enfrentar essa agenda estrutural, eu acho isso uma ótima notícia. É óbvio que os agentes econômicos querem ver como é que as coisas vão se desenvolver", afirmou durante participou em evento do grupo Esfera Brasil.
Galipolo afirmou que o Brasil precisa dar um sinal de sustentabilidade fiscal para se diferenciar na busca por investimentos.
"O mundo todo hoje tem um problema sério do ponto de vista da sustentabilidade da dívida [...] Nós tivemos uma grande crise, tivemos uma pandemia e tivemos conflitos geopolíticos, até uma guerra dentro da Europa. Tudo isso aumentou muito a expansão fiscal e a necessidade de endividamento por parte desses países", comentou Galípolo, citando também uma redução na demanda global por títulos de dívida.
"Se consegue dar uma sinalização de uma sustentabilidade mais positiva para o mercado, acho que, no ambiente que temos atualmente, o Brasil se diferencia muito positivamente do ponto de vista de atração de investimento, com todas as vantagens competitivas que nós temos", acrescentou.
Galípolo, disse que, enquanto as decisões de política monetária, mesmo que gerem críticas, são tomadas de forma autônoma, a política fiscal depende de negociações. A declaração foi dada num momento em que Galipolo defendeu apoio à agenda de sustentabilidade fiscal, durante participação no fórum da Esfera.
"A política fiscal demanda mesmo esse tipo de negociação com diversos atores, com ministérios, poder Legislativo, poder Executivo. Então, esse processo tem que ser construído [...] É um processo que a sociedade brasileira tem que abraçar", comentou Galípolo, destacando a necessidade de consensos no debate.
Questionado sobre como a reação do mercado ao anúncio da elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) afeta o Banco Central, Galípolo respondeu que a autoridade monetária só se posiciona via comunicação oficial, e reforçou a postura de buscar flexibilidade e cautela em meio a incertezas.
"Nós vamos para a próxima reunião com as opções em aberto, consumindo os dados", declarou o presidente do BC, referindo-se ao próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).