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Companhias aéreas globais focam em guerra comercial, geopolítica e SAF em cúpula anual

30/05/2025 08h56

Por Lisa Barrington e Abhijith Ganapavaram

NOVA DÉLHI (Reuters) - Uma guerra comercial imprevisível e metas ambientais estão na agenda de companhias aéreas globais em uma cúpula anual na Índia que vai debater preocupações em torno de fatores geopolíticos que tendem a prejudicar a demanda por viagens enquanto elevam custos.

Mais pessoas estão voando do que nunca depois de uma recuperação completa do mercado de ageiros após a pandemia, mas as companhias aéreas em todo o mundo estão enfrentando pressões de custos crescentes, atrasos prolongados na entrega de aviões e gargalos na cadeia de suprimentos.

Além disso, a guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrubou o status de décadas de isenção de tarifas do setor aeroespacial e acrescentou uma nova camada de volatilidade, dizem analistas.

Enquanto as companhias aéreas da Europa e da Ásia relatam uma forte demanda por voos, o setor nos EUA foi atingido por uma recente queda na demanda por viagens, com as empresas tendo dificuldades para prever o comportamento dos ageiros e os custos operacionais.

"Não se pode dizer que uma queda na confiança do consumidor e uma inflação mais alta não significarão menos dinheiro na carteira para as pessoas gastarem", disse à Reuters Aengus Kelly, presidente-executivo da AerCap, a maior empresa de leasing de aeronaves do mundo.

Por enquanto, as companhias aéreas estão enchendo os aviões, mas há dúvidas sobre a lucratividade - ou tarifa média por assento vendido - que elas podem obter à medida que ajustam os preços das agens para  lotar  as aeronaves.

Muitas, no entanto, também estão sendo protegidas dos piores efeitos da demanda pela queda nos preços dos combustíveis e pelo recuo do dólar norte-americano.

"Esses ventos favoráveis têm isolado as companhias aéreas, até o momento, dos piores efeitos" da demanda, disse Kelly.

A influente Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês)), que representa mais de 300 companhias aéreas e mais de 80% do tráfego aéreo global, realiza a partir deste domingo conferência anual de três dias em Nova Délhi.

A cúpula, organizada pela maior companhia aérea da Índia, a IndiGo, ocorre no momento em que o terceiro maior mercado de ageiros aéreos do mundo cresce rapidamente. Analistas preveem que o crescimento das viagens aéreas na Ásia supere o da Europa e da América do Norte nas próximas décadas.

As recentes hostilidades da Índia com o vizinho Paquistão, que estão fazendo com que as companhias aéreas indianas façam desvios grandes e caros para longe do espaço aéreo paquistanês, destacam como as zonas de conflito são um fardo cada vez maior para as operações e a lucratividade.

Em fevereiro, a Iata afirmou que os acidentes e incidentes relacionados a zonas de conflito são uma das principais preocupações para a segurança da aviação, exigindo uma coordenação global urgente.

A segurança da aviação também estará em foco após uma série de acidentes aéreos no Cazaquistão, na Coreia do Sul e na América do Norte nos últimos seis meses, além de preocupações crescentes com os sistemas de controle de tráfego aéreo nos Estados Unidos.

METAS AMBIENTAIS

A Iata tem alertado cada vez mais que as companhias aéreas terão dificuldades para cumprir suas metas de emissão de carbono e que não está claro como a transição para o combustível de aviação sustentável (SAF) e as novas tecnologias serão financiadas.

O setor de aviação em geral concordou em 2021 em atingir emissões de carbono líquidas zero em 2050, com base principalmente em uma mudança gradual para o SAF, que é feito de óleo residual e biomassa e custa mais do que o combustível de aviação convencional.

O diretor geral da Iata, Willie Walsh, disse nas últimas semanas que o setor precisará reavaliar o compromisso, embora não se espere nenhuma mudança nas metas do setor no evento de Nova Délhi.

"A demanda por SAF continua a superar a oferta e os custos permanecem proibitivamente altos. As estruturas regulatórias para incentivar a produção de SAF ainda são subdesenvolvidas, inconsistentes ou insuficientes", disse Subhas Menon, diretor geral da Associação das Companhias Aéreas da Ásia-Pacífico.

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