Reino Unido, Jordânia e ONG israelense condenam construção de 22 novas colônias de Israel na Cisjordânia
O governo britânico denunciou nesta quinta-feira (29) o projeto do governo israelense de construir 22 novas colônias na Cisjordânia. O anúncio foi feito nesta manhã pelo ministro das Finanças de Israel, o político de extrema direita Bezalel Smotrich.
"O Reino Unido condena essas ações", escreveu na rede social X o subsecretário de Estado britânico das Relações Exteriores, Hamish Falconer. "Os assentamentos são ilegais segundo o direito internacional, ameaçam ainda mais a solução de dois Estados e não protegem Israel", acrescentou.
A Jordânia também criticou o anúncio israelense e afirmou que ele mina "as perspectivas de paz ao consolidar a ocupação". "Ações unilaterais desse tipo prejudicam ainda mais a viabilidade de uma solução de dois Estados ao impedir o estabelecimento de um Estado palestino soberano", afirmou o chanceler jordaniano.
Já a ONG israelense Paz Agora, contrária à colonização, criticou a decisão e afirmou que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já não esconde suas ambições. "A anexação dos territórios ocupados e a expansão dos assentamentos são seu principal objetivo", afirmou a organização em um comunicado.
Um pouco antes, foi a vez do grupo Hamas criticar a iniciativa, classificando-a de "uma grave violação do direito internacional e das resoluções das Nações Unidas". Em comunicado, o movimento armado palestino também afirmou que Israel "acelera a judaização da terra palestina dentro de um projeto de anexação explícito".
"Decisão histórica"
Bezalel Smotrich comemorou o anúncio de "uma decisão histórica", referindo-se à Cisjordânia como a "Judeia-Samaria", a designação israelense para o território palestino ocupado desde 1967. Para o ministro da Defesa, Israel Katz, a construção das 22 novas colônias "muda o rosto da região e molda o futuro da implantação [israelense na Cisjordânia] para os próximos anos".
Segundo um mapa publicado pela equipe de Smotrich, os assentamentos serão distribuídos por toda a Cisjordânia - do norte ao sul - ando pelo centro, fragmentando ainda mais um território já dividido pelas anexações israelenses. Duas colônias, Homesh e Sa-Nur, são particularmente simbólicas porque serão erguidas em áreas evacuadas em 2005, no contexto da retirada unilateral israelense da Faixa de Gaza, promovida pelo então primeiro-ministro Ariel Sharon.
O anúncio do governo israelense ocorre após Steve Witkoff, enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, ter declarado na quarta-feira (29) que tem "um sentimento muito positivo" sobre a possibilidade de um acordo para uma trégua na Faixa de Gaza após 600 dias de guerra entre Israel e o Hamas.
Ao mesmo tempo, a escalada militar de Israel no enclave palestino e a confusa distribuição de ajuda humanitárias após meses de bloqueio têm gerado cada vez mais críticas no exterior, especialmente na Europa. A França, aliás, deverá presidir em parceria com a Arábia Saudita em junho uma conferência da ONU voltada para a ideia de "dois Estados", em que Israel e uma Palestina independente e soberana coexistiriam lado a lado. No entanto, para Netanyahu, "a criação de um Estado palestino [seria] uma enorme recompensa para o terrorismo".
(Com informações da AFP)