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Juíza bloqueia proibição de Trump a estudantes internacionais em Harvard

Trump quer impedir alunos estrangeiros em Harvard - Joseph Prezioso / AFP
Trump quer impedir alunos estrangeiros em Harvard Imagem: Joseph Prezioso / AFP

29/05/2025 17h56Atualizada em 29/05/2025 18h39

Por Nate Raymond

BOSTON (Reuters) - Uma juíza federal afirmou nesta quinta-feira que vai estender decisão que impede o governo do presidente Donald Trump de revogar imediatamente a capacidade da Universidade de Harvard de matricular estudantes internacionais, uma vitória para a universidade da Ivy League envolvida em diversas batalhas com o governo.

A juíza distrital dos EUA Allison Burroughs, em Boston, anunciou sua intenção de emitir uma liminar, seis dias após conceder a Harvard uma ordem temporária bloqueando a medida do governo Trump.

Enquanto a audiência se desenrolava na manhã desta quinta-feira, milhares de estudantes de Harvard recebiam seus diplomas na cerimônia de formatura da universidade no campus, a cerca de 8 km de distância.

O presidente da Universidade, Alan Garber, aplaudido de pé, congratulou aos alunos formandos "do fim da rua, de todo o país e de todo o mundo", arrancando aplausos nas últimas palavras.

"Ao redor do mundo — exatamente como deveria ser", acrescentou.

O governo Trump lançou um ataque em diversas frentes contra a universidade mais antiga e mais rica do país, congelando bilhões de dólares em subsídios e outros financiamentos, propondo o fim de seu status de isenção de impostos e abrindo uma investigação para apurar se ela estaria discriminando funcionários ou candidatos a emprego brancos, asiáticos, homens ou heterossexuais.

A revogação da capacidade de Harvard de matricular estudantes internacionais é prejudicial, segundo a universidade. Mais de um quarto do corpo discente é internacional; quase 60% dos alunos de pós-graduação da prestigiosa Harvard Kennedy School são de outros países.

O ataque a Harvard faz parte de um esforço mais amplo do governo para pressionar as instituições de ensino superior a se alinharem com sua agenda política.

Na quarta-feira, o Secretário de Estado Marco Rubio disse que o governo começaria a revogar "agressivamente" os vistos concedidos a estudantes chineses que frequentam universidades americanas, incluindo aqueles com vínculos com o Partido Comunista Chinês e aqueles que estudam em áreas críticas, que ele não especificou.

Mais de 275.000 estudantes chineses estão matriculados em centenas de faculdades dos EUA, proporcionando uma importante fonte de receita para as escolas e um canal crucial de talentos para as empresas de tecnologia dos EUA. A decisão gerou desespero e frustração entre os alunos que têm ofertas para o próximo ano.

Antes do anúncio de Rubio, a ofensiva contra as faculdades americanas havia se restringido, em grande parte, às escolas da Ivy League, como Harvard, Columbia e a Universidade da Pensilvânia, acusadas de preconceito de esquerda e antissemitismo.

Lynn Pasquerella, presidente do grupo de defesa da Associação Americana de Faculdades e Universidades, disse que o fato de o governo Trump ter como alvo os estudantes estrangeiros terá consequências negativas para as instituições e para os EUA.

"Os estudantes chineses, em especial, agora que estão sendo submetidos a um escrutínio rigoroso, estão procurando outros lugares", disse. "Isso é uma grande perda para nós. É uma fuga de cérebros."

(Reportagem de Nate Raymond em Boston; reportagens adicionais de Jonathan Stempel, Maria Tsvetkova e Joseph Ax em Nova York)

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