"Estamos prontos para defender nossos interesses": UE responde a novas ameaças de tarifaço de Trump
Em resposta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou na sexta-feira (23) impor tarifas de 50% à União Europeia, Bruxelas declarou que estava trabalhando de "boa-fé" para obter um acordo comercial com os Estados Unidos baseado no "respeito" e não em "ameaças".
"Estamos prontos para defender nossos interesses", afirmou o comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, em resposta a Donald Trump na noite de sexta-feira, poucas horas depois do presidente americano ameaçar impor tarifas alfandegárias de 50% à União Europeia a partir de 1º de junho.
Embora Trump acredite que as negociações em andamento com Bruxelas não estejam levando a lugar nenhum, a UE está trabalhando de "boa-fé" para garantir um acordo comercial com os Estados Unidos, acrescentou Sefcovic, defendendo que o comércio entre os dois parceiros deve "ser guiado pelo respeito mútuo, não por ameaças".
Pouco antes, o comissário europeu havia falado por telefone com Jamieson Greer, responsável pelo comércio internacional em Washington. A conversa, que ocorreu após as ameaças de Donald Trump, não conseguiu mudar as respectivas posições. Do lado europeu, os 27 já estão sujeitos a tarifas de 25% sobre o aço e sobre os automóveis, além de taxas de 10% apelidadas por Donald Trump de "recíprocas" e impostas a todos os países do mundo.
Resta saber, no entanto, se as novas ameaças poderiam embaralhar as cartas nas negociações em andamento. O presidente americano já havia ameaçado a UE com tarifas alfandegárias gerais de 25% (atualmente parcialmente sujeitas a uma pausa de 90 dias) e 200% sobre o álcool.
Do lado europeu, as medidas de retaliação - no valor de 100 bilhões de euros em importações americanas - também foram suspensas.
UE deve se manter firme
A UE tem meios para se manter firme diante de Donald Trump, acredita Damien Ledda, diretor de gestão financeria da empresa Galilee Asset Management.
"A Europa representa um peso econômico muito significativo, continua sendo um dos maiores blocos econômicos do mundo, com enorme poder de compra e um superávit comercial significativo com os Estados Unidos", explica. "Pode, portanto, exercer uma pressão plausível sobre empresas americanas com exposição significativa na Europa, particularmente nos setores de tecnologia, agricultura e aviação. Se a UE reagir da mesma forma que os Estados Unidos, as consequências econômicas para Washington poderão ser significativas", acrescenta.
Após ter ameaçado os europeus pela primeira vez na manhã de sexta-feira, Donald Trump repetiu a ameaça algumas horas depois, desta vez no Salão Oval, alegando que essa era sua maneira de negociar.
"Eu apenas disse que é hora de jogar do jeito que eu sei jogar. Não estou procurando um acordo. Está decidido, são 50%. Vamos ver o que acontece, mas, neste momento, começará em 1º de junho e pronto. Eles não nos tratam bem. Eles não estão tratando bem o nosso país. Eles se uniram para se aproveitar de nós. Mas, novamente, não haverá tarifas se eles construírem suas fábricas aqui. Agora, se alguém vier e quiser construir uma fábrica aqui, podemos conversar sobre um adiamento ou uma suspensão, enquanto a fábrica estiver sendo construída. Seria apropriado. Talvez", disse o presidente americano, que também aproveitou a oportunidade para lembrar que havia chegado a um acordo com o Reino Unido e com a China. No segundo caso, depois das retaliações de Pequim aos EUA.