Produção de petróleo do Suriname 'pode andar de mãos dadas com o status de carbono negativo', diz presidente
O presidente do Suriname e candidato à reeleição, Chan Santokhi, disse à AFP na quinta-feira que a produção de petróleo "pode andar de mãos dadas com o status de carbono negativo" neste país com grandes reservas de petróleo recém-descobertas.
Em entrevista exclusiva à AFP em Paramaribo na noite de quinta-feira, Santokhi, que concorre à reeleição após as legislativas de domingo, se gabou de ter recuperado uma economia em dificuldades por meio de reformas drásticas.
Ele afirma que o menor estado da América do Sul, com suas vastas florestas e um dos poucos no mundo que absorve mais dióxido de carbono do que emite, agora colherá os benefícios com a receita esperada da exploração de petróleo.
PERGUNTA: O senhor é presidente do Suriname há cinco anos. Qual seu balanço nesta campanha para os eleitores?
RESPOSTA: A recuperação da economia, a criação de estabilidade na economia e a chegada a uma fase de crescimento na economia. O que conquistamos, inclusive durante o período da covid, é incrível.
A aplicação do programa do FMI (Fundo Monetário Internacional), que foi um programa de reforma muito amplo, teve um impacto significativo na comunidade e, portanto, precisávamos proteger nossa comunidade com um sistema social.
Agora estamos em uma fase melhor, com uma economia reformada, com nossas próprias reservas, com mais renda, com mais apoio de instituições financeiras internacionais. Agora estamos aptos e capacitados para fazer mais pelo nosso povo para que todos possam fazer parte do crescimento da nação.
Quando não há dinheiro no país, quando está falido, você pode ter boas ideias, bons planos, bons programas, mas não pode implementá-los.
Por isso, apresentei o programa "Royalties para todos". Cada cidadão surinamês receberá US$ 750 (R$ 4.228) de bônus das receitas de royalties de petróleo e gás. Essa é a parte deles, a participação deles na produção de petróleo.
P: Isso é financiado pela descoberta de enormes reservas de hidrocarbonetos. O Suriname se tornará um Estado petroleiro?
R: Sim, a partir de 2028 seremos um país produtor de petróleo. Éramos um país produtor de petróleo onshore, agora somos um país produtor de petróleo offshore com a TotalEnergy, com a APA e, portanto, teremos renda com os lucros do petróleo, teremos renda com nossas receitas fiscais e teremos renda com royalties. Então será uma grande quantidade de renda para o país.
Esse dinheiro será usado para diversificar nossa economia, em setores como agricultura e turismo. Esse dinheiro será usado para fortalecer instituições governamentais nas áreas de segurança, saúde e educação, mas também para desenvolver a população do interior do país, o que é muito importante.
Esse dinheiro será usado para a transição para a energia verde, da qual também precisamos porque sabemos que os combustíveis fósseis são limitados. Eles desaparecerão em 40 anos, então também temos que investir em energia verde.
P: O Suriname é um dos poucos países do mundo com uma pegada de carbono negativa, severamente afetado pela erosão costeira. Não é uma contradição querer se tornar um estado petroleiro?
R: Bem, essa é uma questão que só pode ser respondida com uma análise baseada na ciência. Que tipo de emissões resultarão da produção de petróleo e gás? A TotalEnergy, você pode perguntar a eles, garantiu que produzirá petróleo com base no padrão internacional do programa ambiental.
Isso significa que a produção de petróleo pode andar de mãos dadas com o status de carbono negativo, porque também implementamos nosso programa de energia solar. Protegeremos nossas florestas. Somos o país mais verde em estreita colaboração com a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima).
Fazemos parte da floresta amazônica que terá cooperação com os países amazônicos. E, finalmente, temos nossa energia hidrelétrica, que exige mais investimentos.
Apesar de todos os investimentos na indústria, continuaremos com carbono negativo. Poderemos aumentar a produção com base em alta tecnologia, com base em tecnologia moderna, com base na limitação de emissões e ainda ter um balanço de carbono negativo.
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