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Fotógrafo Sebastião Salgado morre aos 81 anos

23/05/2025 12h35

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, conhecido por suas grandes fotos em preto e branco de conflitos e da floresta amazônica, morreu aos 81 anos em Paris, anunciaram, nesta sexta-feira (23), a sua família e a Academia de Belas Artes sa.

"A gente ficou sabendo de uma notícia muito triste (...), a morte do nosso companheiro Sebastião Salgado, certamente, se não o maior, um dos maiores e melhores fotógrafos que o mundo já produziu", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Academia de Belas Artes da França, da qual Salgado era membro desde 2016, anunciou sua morte no X e o descreveu como uma "grande testemunha da condição humana e do estado do planeta".

Sua família também confirmou sua morte e detalhou à AFP que "ele contraiu uma forma particular de malária em 2010, na Indonésia, no âmbito do projeto Gênesis", o livro que publicou em 2013. 

"Quinze anos depois, as complicações desta doença resultaram em uma leucemia severa, que acabou por vencê-lo", detalhou.

"Através da lente de sua máquina, Sebastião lutou sem descanso por um mundo mais justo, mais humano e mais ecológico", acrescentaram seus familiares na nota.

O artista previa inaugurar uma exposição de desenhos de seu filho Rodrigo, de 45 anos e que tem síndrome de Down, no sábado em Reims, nordeste da França, informou à AFP a agência responsável pela mostra.

Nascido em 8 de fevereiro de 1944 em Aimorés, na zona rural de Minas Gerais, economista de formação, exilou-se na França em 1969, fugindo da ditadura militar no Brasil, acompanhado de Lélia Wanick, que se tornaria sua companheira de vida e mãe de seus dois filhos. Salgado também possuía a nacionalidade sa.

- A fotografia como "espelho da sociedade" -

De Ruanda à Guatemala, ando pela Indonésia e Bangladesh, o brasileiro documentou crises de fome, guerras, êxodos e exploração do trabalho no terceiro mundo.

Nos últimos anos, centrou seu trabalho na proteção da natureza, embora, já em 1998, tenha criado com sua esposa o Instituto Terra.

O objetivo era regenerar as florestas e a biodiversidade desaparecidas devido ao desmatamento, um projeto bem-sucedido ao qual até 2022 haviam se somado 3 mil proprietários de terras.

Comprometido com a causa climática, foi um crítico feroz do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) por sua política de abrir a Amazônia para atividades como a agricultura e a mineração.

As fotografias de Salgado foram publicadas na imprensa internacional e em revistas como a Life ou a Time, e foram objeto de diversos livros e exposições, sobretudo em Paris, onde viveu grande parte de sua vida.

Foi, de fato, na capital sa onde começou sua carreira como autodidata em 1973, trabalhando sucessivamente para as agências Sygma, Gamma e Magnum até 1994.

Ao lado da esposa, fundou a Amazonas Images, uma agência dedicada exclusivamente ao seu trabalho, que se tornou seu estúdio.

O artista via na fotografia "uma poderosa linguagem para tentar estabelecer uma melhor relação entre o homem e a natureza", recordou a Academia de Belas Artes sa em sua biografia.

Em uma entrevista à AFP em Londres em abril de 2024, afirmou que a fotografia era "o espelho da sociedade".

O fotógrafo, economista de formação, trabalhou quase exclusivamente em preto e branco. Considerava isso uma interpretação da realidade como uma forma de transmitir a dignidade irredutível da humanidade.

Salgado recebeu diversos prêmios, como o Príncipe das Astúrias e o Prêmio Internacional da Fundação Hasselblad.

Também foi protagonista do documentário nomeado ao Oscar "O Sal da Terra", de Wim Wenders, no qual relatou suas viagens a lugares distantes como o Círculo Polar Ártico e Papúa Nova Guiné, que alimentaram seu livro "Gênesis" (2013).

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© Agence -Presse

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