Exposição intensiva de jovens a redes sociais influencia negativamente percepção de mudanças climáticas
O governo francês quer que a União Europeia restrinja as redes sociais a maiores de 15 anos. Neste contexto, o jornal Libération desta sexta-feira (23) traz uma reportagem especial sobre a exposição de adolescentes e jovens à desinformação sobre as mudanças climáticas.
O governo francês quer que a União Europeia restrinja as redes sociais a maiores de 15 anos. Neste contexto, o jornal Libération desta sexta-feira (23) traz uma reportagem especial sobre a exposição de adolescentes e jovens à desinformação sobre as mudanças climáticas.
Na semana ada, a secretária de Estado encarregada de Inteligência Artificial e Meios Digitais da França, Clara Chappaz, pediu ao Conselho Europeu que estudasse uma lei para exigir a verificação da idade dos usuários de redes sociais. A ofensiva sa acontece após alerta sobre a exposição de jovens à desinformação.
De acordo com uma sondagem do instituto de pesquisa da União Europeia, o Eurobarômetro, de 2024, citada na reportagem, os chamados "nativos digitais", ou seja, as gerações que nasceram depois de 1980, são as mais expostas a fake news, logo depois dos maiores de 65 anos. Apesar de compartilharem menos estas informações, pessoas que têm 18 e 29 anos se informam sobre política e questões sociais majoritariamente pelas redes sociais como TikTok, Instagram e X, salienta Libération.
O jornal lembra uma pesquisa publicada pela Unesco no final de 2024, com 500 influenciadores digitais em 45 países, que mostrou que 62% dos criadores de conteúdo nunca verificam as fontes que citam.
Para especialistas citados pela reportagem, a exposição intensiva dos jovens às redes sociais tem consequências importantes na percepção dos problemas climáticos. De acordo com uma pesquisa da fundação sa Jean Jaurès, uma proporção significativa de jovens de entre 16 e 24 anos manifesta algum tipo de negacionismo climático.
Ecoansiedade e informação de qualidade
Confrontados a uma enorme quantidade de informações muitas vezes contraditórias, os jovens desenvolvem dois tipos de reação, afirma o Libération: o descomprometimento ou a "ecoansidedade" paralisante.
Os dados alertam para uma realidade até então desconhecida: apesar de compartilhar menos fake news em redes sociais que pessoas com mais idade, os jovens são bastante influenciados por elas.
A solução estaria, segundo o jornal, na qualidade da informação científica difundida. Aumentar o o à ciência e torná-la interessante e compreensível é um desafio tão importante quanto regular as plataformas, defende. Porque se os mais jovens se afastam do consenso científico, também é porque os porta-vozes da ciência têm dificuldades em se fazer ouvir e despertar o interesse dessa geração.