Novo radar? O que é o carro flagrado circulando em rodovia de São Paulo

Um novo vídeo viral que circula pelo Instagram mostra o que, supostamente, seria a nova forma de multar veículos que trafegam pela rodovia Raposo Tavares, em São Paulo.
O mecanismo consiste em uma caixa acoplada à caçamba de uma picape, guardando uma câmera que registraria infratores. Segundo a narração, até uma motocicleta teria tampado a placa para evitar multa.
Isso, entretanto, é em vão, pois o aparelho não é um radar, mas um retrorrefletômetro utilizado na manutenção viária.
Os retrorrefletômetros medem o quanto uma superfície reflete a luz. Isso é essencial para avaliar o quanto as faixas pintadas no asfalto são vistas pelos condutores à noite ou sob mau tempo.
A Crasvia Engenharia, com sede em Lins (SP), presta esse serviço à concessionária Ecovias, tanto na Raposo Tavares quanto na rodovia Castello Branco. A empresa também atende outras nove concessionárias em 31 rodovias pelo Brasil.
Os retrorrefletômetros mais modernos vêm com uma tela que, em tempo real, mostra ao motorista o que está sendo captado. Assim, apenas uma pessoa é necessária para realizar o serviço.
Além da pintura das faixas, o equipamento registra o estado de conservação das tachas refletivas, conhecidas como "olhos de gato". Graças ao GPS embutido, os engenheiros exibem as leituras em um mapa, identificando exatamente onde a manutenção é necessária.
A Easylux, que também fabrica retrorrefletômetros em São Paulo, destaca que seu equipamento requer quase nenhuma expertise do motorista, que precisa apenas seguir instruções básicas. Uma delas, segundo o manual da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), é manter velocidade constante.
"Já que na arrancada o veículo levanta a frente, mudando o ângulo da luz emitida", diz o órgão, que exige níveis mínimos de reflexividade das concessionárias que istram as rodovias.
Auxílio para carros autônomos
Segundo o engenheiro de transportes Daniel Sierro, o retrorrefletômetro padroniza algo subjetivo como a visão humana.
"Pessoas têm noções distintas do que é 'visível'. Além disso, seria extremamente trabalhoso e impreciso que um operador registrasse manualmente esses dados", explica. Com o avanço da automação veicular, é cada vez mais importante saber o quanto a sinalização rodoviária é explícita para os computadores.
"Esses sistemas de segurança veicular usam visão de máquina que depende de marcações rodoviárias de boa qualidade para operar com segurança e eficiência", afirma a Retrotek na apresentação de seu novo retrorrefletômetro.
Ao contrário das variantes tradicionais, o novo equipamento da empresa britânica usa câmeras frontais engatadas em qualquer veículo. Nele projeta-se uma luz verde que facilita a interpretação visual das medidas, inclusive à noite. Em tempo real, o equipamento registra a sinalização e seu estado, oferecendo análises qualitativas que indicam como um carro autônomo entende as marcações do mundo real.