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Zambelli, Allan dos Santos: quem são os bolsonaristas que saíram do Brasil

do UOL

Colaboração para o UOL*

04/06/2025 13h42

Desde que Jair Bolsonaro (PL) deixou a Presidência, aliados dele se mudaram para outros países, seja para driblar decisões da Justiça ou atuar de fora como vozes da direita sobre suposta perseguição da Justiça.

Quem são eles

Carla Zambelli (PL-SP)

A deputada Carla Zambelli no plenário da Câmara - Vinicius Loures/Câmara dos Deputados - Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
A deputada Carla Zambelli no plenário da Câmara
Imagem: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Deputada federal, Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por invadir os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ela anunciou ontem que saiu do país. O advogado dela deixou o caso momentos após a parlamentar anunciar que tinha deixado o Brasil.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão preventiva dela hoje. Na decisão, ee disse que é claro que a deputada foi para o exterior para fugir da aplicação da pena. Ontem, a deputada disse que estava nos Estados Unidos — o UOL apurou que a saída do Brasil ocorreu pela fronteira com a Argentina no fim de maio. Ela falou que está em Miami e planeja viajar para a Itália, país onde tem cidadania. "Eu tenho um aporte italiano. Pode colocar Interpol atrás de mim, eles não me tiram da Itália", disse Zambelli à CNN.

Ela era aliada de primeira hora de Bolsonaro, mas a relação dos dois ruiu após as eleições de 2022. Para o ex-presidente, o episódio em que a deputada, às vésperas do segundo turno, sacou uma arma e perseguiu um apoiador de Lula em São Paulo teve um papel fundamental no resultado do pleito. Em março, Bolsonaro declarou em participação no podcast Inteligência Ltda. que "ela tirou o mandato da gente".

Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu licença do mandato por 122 dias - Bruno Spada/Câmara dos Deputados - Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu licença do mandato por 122 dias
Imagem: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Filho do ex-presidente, Eduardo é conhecido por sua articulação com a extrema-direita internacional. Em 2023, liderou comitiva brasileira a eventos conservadores nos EUA e foi um dos principais responsáveis pela aproximação com figuras como Donald Trump e Steve Bannon.

Ele se licenciou do cargo de deputado em março para residir nos EUA, onde diz buscar punições contra Moraes. No fim de maio, o ministro do STF atendeu ao pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizou a abertura de um inquérito para investigar o deputado licenciado por suposta atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. Ele negou que esteja ferindo os interesses nacionais em suas atuações políticas no país.

Paulo Figueiredo Filho

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho é investigado pela PF por tentativa de golpe - Agência Brasil - Agência Brasil
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho é investigado pela PF por tentativa de golpe
Imagem: Agência Brasil

Comentarista político e neto do ex-ditador João Figueiredo, se tornou figura de destaque entre os bolsonaristas que vivem no exterior. Residente nos Estados Unidos, ele participou de eventos conservadores e encontros com parlamentares da direita brasileira em solo americano.

Figueiredo Filho é acusado de tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. No entanto, o STF não tem previsão para julgar a aceitação ou não da denúncia porque a Justiça brasileira não conseguiu localizar nem ele, nem sua defesa. Figueiredo afirmou que não está "foragido". "Uma pessoa que está nos Estados Unidos não está foragida, não está se furtando a prestar esclarecimento. Eu, inclusive em outros processos no ado, já compareci a consulado, já respondi a processo em que eu recebi carta rogatória", disse o empresário.

Allan dos Santos

Foragido da Justiça brasileira, Allan dos Santos dirige em Orlando, nos Estados Unidos - Reprodução - Reprodução
Foragido da Justiça brasileira, Allan dos Santos dirige em Orlando, nos Estados Unidos
Imagem: Reprodução

Fundador do canal Terça Livre, Allan vive nos EUA desde 2020 e é alvo de dois inquéritos que correm no STF, o das fake news e o das milícias digitais. Em 2021, a corte decretou sua prisão preventiva, acusando-o de participar de um grupo organizado que atenta contra a democracia nas redes sociais. No ano seguinte, ele também foi condenado a um ano e sete meses de detenção por calúnia. O STF determinou o bloqueio dos perfis dele nas redes sociais, mas ele burla a proibição com frequência, criando novas contas.

O blogueiro bolsonarista teria de ser extraditado para responder pelos crimes em solo brasileiro. No ano ado, no entanto, os EUA negaram a extradição dele pelo que veem como "crime de opinião", que seria protegido pelo direito à liberdade de expressão.

Santos divulgou no fim do ano ado que está trabalhando como motorista de aplicativo em Orlando. "Não deixarei de fazer jornalismo, mas tenho prioridades, contas e não faço acordos com criminosos", escreveu. Em uma publicação, ele aparece dirigindo um carro da Tesla e diz: "Chupa, Xandão".

Esdras Jonatas dos Santos

Esdras dos Santos era um dos líderes do acampamento de bolsonaristas em frente ao Exército em Belo Horizonte - Reprodução/Redes Sociais - Reprodução/Redes Sociais
Esdras dos Santos era um dos líderes do acampamento de bolsonaristas em frente ao Exército em Belo Horizonte
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Pastor e empresário do ramo de eventos religiosos, é investigado por suspeita de financiar e organizar os ataques golpistas do 8 de Janeiro. Ele e a ex-esposa fugiram para os Estados Unidos logo após os ataques aos Três Poderes. Ambos têm mandados de prisão em aberto, as contas bancárias bloqueadas, os aportes cancelados e estão proibidos de usar as redes sociais — tudo decretado pelo STF. Vivendo na Flórida, Esdras negou os crimes em conversa por telefone com a reportagem em agosto do ano ado.

Ele tentou vender um Porsche avaliado em R$ 400 mil para se manter foragido nos Estados Unidos, conforme mostrou o UOL no ano ado. Apesar de estar proibido de usar as redes sociais, Esdras anunciou o veículo em perfil dele no Instagram. O setor de inteligência da PF localizou o veículo e o confiscou.

Oswaldo Eustáquio

O bolsonarista Oswaldo Eustáquio - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
O bolsonarista Oswaldo Eustáquio
Imagem: Reprodução/Instagram

Eustáquio foi preso em junho de 2020 no inquérito das fake news. Ele foi solto no mês seguinte, mas Moraes estabeleceu proibições que ele não cumpriu, o que o fez ser preso novamente em dezembro daquele ano.

Em 2023, deixou o Brasil e se estabeleceu na Espanha. No processo que corre no país, o governo brasileiro afirma que Eustáquio publicou vídeos que incitavam "a prática de atos antidemocráticos favoráveis ao fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal" em 2021.

A Justiça da Espanha rejeitou um recurso do governo brasileiro que pedia a extradição dele. A 3ª Seção da Sala Penal da Audiência Nacional da Espanha entendeu que o Brasil não tem legitimidade para recorrer diretamente da negativa anterior.

Com informações de matérias publicadas no UOL em 21/11/24, 29/10/24, 30/10/24, 21/08/24, 20/01/25, 21/01/25, 18/03/25, 12/03/25, 15/04/25, 14/05/25, 15/05/25, 03/06/25 e 04/06/25; e da Folha de S.Paulo, publicadas em 15/02/23 e 18/03/25.

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