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OPINIÃO

Sakamoto: Como boa bolsonarista, Carla Zambelli foge do Brasil

do UOL

Colaboração para o UOL

03/06/2025 10h55

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil para escapar da mira da Justiça brasileira e seguiu a cartilha do bolsonarismo, analisou o colunista Leonardo Sakamoto na edição de hoje do UOL News.

Nesta manhã, Zambelli confirmou que foi para a Europa e está fora do país "há alguns dias". A deputada afirmou que saiu do Brasil para fazer um tratamento médico e que pedirá licença do seu cargo. Ela foi condenada a dez anos de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e à perda de mandato após ser acusada de invadir os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Como boa bolsonarista, Carla Zambelli foge do Brasil. Ela pode ter saído por questões médicas, mas o não retorno é fuga. Para não ser punida com a prisão determinada pelo STF por ter invadido os sistemas do CNJ, ela fugiu do país. Trilha, dessa forma, o caminho que foi tomado por outros nomes da extrema direita antes dela. E que pode ser tomado, inclusive, por Jair Bolsonaro, caso seja condenado por golpe de Estado.

Por mais que aqui e ali algumas pessoas no bolsonarismo a defendam publicamente, ela perdeu muito da moral que tinha nesse grupo. O próprio Jair Bolsonaro lhe dá uma parte da responsabilidade pela derrota na eleição por ela ter perseguido um homem com o qual tinha discutido, com arma em punho, pelas ruas do rico bairro dos Jardins em São Paulo na véspera do segundo turno. Ninguém sairia rasgando e defendendo Zambelli.

Zambelli tentou que o Congresso negasse um eventual pedido de prisão contra ela por parte do STF, transformando isso em uma espécie de cavalo de batalha para mostrar a autonomia e a independência do Congresso.

Pelo que soubemos, as respostas que ela obteve não foram muito positivas. O que faz Zambelli? Sai do Brasil no silêncio, vai para a Europa e diz que ficará por lá. A depender do país, ela não será deportada porque disse que tem cidadania de um país europeu. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Para Sakamoto, Zambelli seguiu os os de Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo e de diversos envolvidos nos atos golpistas, quando viram a Justiça apertar o cerco contra eles.

Ela abraçou uma prática bolsonarista, a fuga para o exterior. O deputado Eduardo Bolsonaro saiu do Brasil com medo de ter seu aporte bloqueado pelo STF. Está lá agora incitando o governo norte-americano contra o Estado brasileiro.

O próprio Jair Bolsonaro, em 30 de dezembro de 2022, pegou o avião, viajou para a Flórida e se estabeleceu nas cercanias da Disney, perto do Mickey e do Pateta, ficando três meses autoexilado. Segundo a Polícia Federal, isso foi tanto para impedir a punição dele em relação aos planos golpistas quanto para esperar o desenrolar dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Isso sem contar os comunicadores bolsonaristas que apoiaram o golpe e se refugiaram nos Estados Unidos.

Todas essas pessoas que atuaram, incitaram e participaram de ataques à democracia acabam indo para o exterior e fugindo. Com Zambelli, não foi diferente. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Saída de Zambelli faz STF pensar em mais prisões preventivas, diz professor

A ida de Carla Zambelli para a Europa deve fazer o STF refletir sobre a necessidade de pedir prisões preventivas para evitar casos de fuga de condenados, afirmou Davi Tangerino, professor de Direito Penal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

De uma maneira mais ampla, parece que está se seguindo uma certa tendência. Primeiro, foi Eduardo Bolsonaro, que sequer era investigado e agora se coloca como um pelo que faz lá fora. Agora, Zambelli está nessa mesma linha.

Isso coloca os ministros do STF em uma situação de, talvez no futuro, usar mais prisões preventivas porque está virando moda fugir da jurisdição. (...) Isso pode começar a ser aplicado em casos futuros. No dela, com toda certeza, e aí é bastante objetivo. Não é difícil caracterizar esse tipo de recurso como tentativa de fuga, o que seria um caso clássico de [prisão] preventiva.

Para casos futuros, talvez os tribunais superiores olhem e digam 'dado o número de fujões que temos, começaremos a reter aporte, não necessariamente uma prisão'. Seria colocar os tribunais em uma posição mais cautelosa para garantir a aplicação da lei penal para esses personagens. Davi Tangerino, professor de Direito Penal da Uerj

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