Em Roma, Meloni e Macron tentam fortalecer relações entre a França e a Itália
O presidente francês, Emmanuel Macron, está em Roma nesta terça-feira (3) com objetivo de tentar reatar as relações de seu governo com o de Giorgia Meloni, após tensões entre os dois países europeus envolvendo a Ucrânia, o comércio internacional e as relações com os Estados Unidos.
De acordo com o Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron abriu a reunião tentando minimizar qualquer desentendimento, afirmando que o encontro e o jantar de trabalho, ambos fechados à imprensa, seriam uma oportunidade para demonstrar "respeito" e "amizade".
"O Presidente da República, independentemente de sensibilidades políticas (...), está à disposição de cada um dos nossos parceiros europeus", declarou o Palácio do Eliseu durante uma coletiva de imprensa organizada antes da visita de Macron.
De acordo com a presidência sa, os dois líderes discutirão as garantias de segurança para a Ucrânia, o acordo comercial do Mercosul e as tarifas americanas. A cooperação industrial entre os dois países, incluindo a da montadora franco-italiana Stellantis, que nomeou um novo CEO italiano em 28 de maio, também deve ser discutida.
Autoridades italianas disseram que o encontro tem objetivo de "lançar as bases para um maior fortalecimento das relações" entre os dois países e que a situação no Oriente Médio e na Líbia também seria discutida.
Itália e França temem que a Rússia fortaleça a sua presença no leste da Líbia, após a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, um aliado de Moscou, no fim de 2024, a fim de manter uma posição no Mediterrâneo.
"Este encontro Macron-Meloni não visa reavivar a amizade franco-italiana. É uma questão de necessidade, não de nostalgia", avalia sco Galietti, analista da consultoria Policy Sonar, sediada em Roma, acrescentando que ambos os países sairiam ganhando se encontrassem um ponto comum sobre a Líbia "rapidamente".
Pontos de atrito
Nos últimos meses, os dois líderes têm defendido abordagens diferentes, até mesmo conflitantes, após o retorno do presidente americano Donald Trump à Casa Branca.
Meloni, cujo país desfruta de um grande superávit comercial com os Estados Unidos, busca manter o alinhamento da Europa com Washington. Durante um encontro com Donald Trump, em abril, ela lançou o slogan "Tornar o Ocidente grande de novo". Emmanuel Macron, por sua vez, defende uma União Europeia mais independente.
Em relação à Ucrânia, a chefe de governo italiana expressou ceticismo sobre a "coalizão dos voluntários" de Emmanuel Macron, que busca garantir segurança e apoio militar, e ao plano franco-britânico de enviar tropas de paz ao país após a guerra com a Rússia, uma possibilidade que causa preocupação na Itália.
Após meses de tensão latente entre os dois líderes com perfis muito diferentes ? um Emmanuel Macron pró-europeu fervoroso e uma Giorgia Meloni nacionalista em um país com fortes inclinações transatlânticas ? as diferenças entre ambos se tornaram públicas nas últimas semanas.
Meloni foi criticada em seu país por não viajar a Kiev com o presidente francês e os líderes da Alemanha, Grã-Bretanha e Polônia, em 10 de maio, e depois por perder uma conversa telefônica com Donald Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante uma cúpula na Albânia, na semana seguinte.
A líder italiana justificou a sua ausência dizendo que as discussões envolviam o envio de tropas para a Ucrânia, informação que o presidente francês, Emmanuel Macron, corrigiu publicamente, causando embaraço no governo italiano. De acordo com o francês, as negociações visavam estabelecer um cessar-fogo.
(Com AFP)