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Na França, Lula tenta destravar acordo que pode render R$ 37 bi ao Brasil

Benoit Tessier/Reuters
Imagem: Benoit Tessier/Reuters

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/06/2025 10h44

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realiza a primeira viagem diplomática de um Chefe de Estado brasileiro à França desde 2012. A missão tem como um dos objetivos destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia, parceria que pode trazer um efeito positivo de R$ 37 bilhões ao Brasil.

O que aconteceu

Lula visita a França a convite do presidente Emmanuel Macron. A viagem busca aprofundar o diálogo sobre temas centrais da agenda global, como a reforma da governança internacional, a defesa do multilateralismo, o enfrentamento do extremismo e a preparação para a COP30, a ser realizada em novembro, na cidade de Belém (PA).

Presidente ainda vai participar do Fórum Econômico Brasil-França. O encontro com lideranças empresariais dos dois países é visto como uma oportunidade de investimento. Hoje, a França é a terceira maior origem de investimentos diretos no Brasil, com US$ 66,34 bilhões em estoque.

Corrente comercial com a França vem em trajetória crescente. No ano ado, o indicador atingiu US$ 9,1 bilhões. O valor é 8% maior na comparação com o ano anterior. Estima-se ainda que mais de 1.000 empresas atuam no Brasil e são responsáveis pela geração de cerca de 500 mil postos no mercado de trabalho brasileiro.

Relação comercial

Acordo entre Mercosul e União Europeia é idealizado por Lula. O presidente brasileiro não nega o interesse em destravar a parceria comercial entre os blocos econômicos. Em cerimônia realizada hoje, Lula cobrou um posicionamento favorável de Macron e pediu para que o presidente francês "abra seu coração" pelo avanço do acordo.

Não deixarei a presidência do Mercosul sem o acordo com a União Europeia.
Lula, presidente do Brasil

Pacto pode trazer efeito positivo de R$ 37 bilhões até 2044. A União Europeia é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de, aproximadamente, US$ 92 bilhões em 2023. Com isso, o efeito positivo pode alcançar até 0,34% do PIB (Produto Interno Bruto) nos próximos 20 anos, o equivalente a R$ 37 bilhões. Também aparecem entre as previsões a elevação de 0,76% nos investimentos (R$ 13,6 bilhões) e o aumento acima da inflação de 0,42% nos salários dos brasileiros.

Exportações brasileiras podem avançar significativamente. A estimativa apresentada ao final do ano ado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, aponta para a expansão de 6,7% dos negócios da agricultura, de 14,8% dos serviços exportados e de 26,6% das vendas relacionadas à indústria de transformação.

Macron é um dos representantes contrários ao acordo comercial. Em resposta ao clamor de Lula, o presidente francês afirmou que o pacote nos moldes atuais é prejudicial aos produtores do país europeu. "É bom para muitos setores, mas traz um risco porque países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulação", declarou.

Parceria comercial foi firmada após 25 anos de diálogo. Selado em dezembro do ano ado, o acordo representa a maior parceria comercial e de investimentos do mundo. Os dois blocos concentram um PIB (Produto Interno Bruto) conjunto superior a US$ 20 trilhões.

França e Polônia são as maiores resistências ao tratado. Após a conclusão do acordo pela Comissão Europeia, a entrada em vigor das medidas ainda depende do aval do Conselho da Europa, formado pelas 27 nações que integram o bloco econômico. Depois, o tratado precisa ser validado pelo Parlamento Europeu.

Macron quer incluir protocolos adicionais à proposta atual. "Temos que melhorar, aprimorar o acordo, trabalhar para termos cláusulas de salvaguarda", disse o presidente francês ao lado de Lula. Para ele, é preciso "respeitar a coerência das ambições" para a compensação efetiva das melhores relações comerciais.

De nada adiantaria a Europa defender o clima, mas fechar a indústria, o comércio e a agricultura.
Emmanuel Macron, presidente da França

COP30

Macron confirmou a presença no evento a ser realizado no Pará. O Brasil vai sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. "A crise climática está gritante, cada vez mais gente decidiu não falar mais sobre isso", lamentou Macron ao afirmar ter assinado com Lula uma declaração conjunta sobre o tema.

Presidente francês defendeu "mundo aberto para o clima e o comércio". Segundo Macron, a França e o Brasil têm a mesma posição de luta contra a mineração ilegal. "Somos dois países amazônicos e compartilhamos a mesma visão sobre a floresta", afirmou.

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