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Por que carros elétricos estão no centro da disputa entre Trump e Musk

Donald Trump e Elon Musk chegaram a propagandear carros da Tesla na Casa Branca, em janeiro - Molly Riley/White House
Donald Trump e Elon Musk chegaram a propagandear carros da Tesla na Casa Branca, em janeiro Imagem: Molly Riley/White House

Eduardo os

Colaboração para o UOL

07/06/2025 05h30

No repentino embate público de Elon Musk e Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos afirmou que está sendo atacado por cancelar políticas de incentivo a carros elétricos no país.

O motivo de irritação para Musk — CEO da Tesla — seria o fim do "decreto dos carros elétricos", previsto na nova lei orçamentária aprovada em Washington.

O termo usado por Trump ("EV mandate") também diz respeito à briga entre senadores do seu partido e o governo da Califórnia, com interesses dos republicanos também contrários às finanças da Tesla.

Em março, empresário disse que fim dos incentivos causaria dano injusto à Tesla, que só tem carros elétricos - Molly Riley/Casa Branca - Molly Riley/Casa Branca
Em março, empresário disse que fim dos incentivos causaria dano injusto à Tesla, que só tem carros elétricos
Imagem: Molly Riley/Casa Branca

O que é o 'decreto dos carros elétricos'

Chamado de "Grande e Linda Lei" pela Casa Branca, o texto federal reduz incentivos fiscais para a compra de carros elétricos fabricados nos EUA. A lei foi instituída por Joe Biden, em um pacote de recuperação econômica pós-pandemia.

Benefícios como até US$ 7.500 de abatimento no imposto de renda para quem adquire veículo elétrico serão extintos antes da hora: ao invés de 2032, o programa acabará quase totalmente em 31 de dezembro de 2025. Categorias restantes devem cessar um ano depois.

Além disso, o governo federal criará um novo imposto anual de US$ 250 para donos de carros elétricos e US$ 100 para donos de híbridos. A justificativa é de que o tributo compensa os impostos que tais motoristas deixam de pagar na gasolina que não usam.

Donald Trump disse que "ninguém quer comprar carros elétricos da Tesla", justificando o fim das renúncias fiscais - Divulgação - Divulgação
Donald Trump disse que "ninguém quer comprar carros elétricos", justificando o fim das renúncias fiscais
Imagem: Divulgação

Problemas na Califórnia

Além dos ajustes no orçamento nacional, Musk enfrenta problemas com uma política estadual da Califórnia, que há anos busca acelerar a transição energética até proibir, daqui a dez anos, as vendas de carros que queimam combustível.

Dada a importância do mercado californiano, a lei influenciaria todo o mercado nacional, apontaram senadores republicanos. Assim, em 22 de maio os congressistas formaram maioria para anular o programa, alegando interferência indevida em outros estados.

A revogação também inclui um terceiro golpe em Elon Musk, já que ela também se estende aos créditos de carbono negociados no estado da Costa Oeste e que, em 2024, rendam US$ 2,4 bilhões à Tesla, pagos por rivais que não bateram suas metas de emissão.

O ato aguarda sanção presidencial para vigorar. A Califórnia já disse que irá à Suprema Corte recorrer do que, na visão do governo do estado, é a verdadeira invasão de competências.

Freio à transição energética na Califórnia impactaria todo o país, ampliando prejuízo de Musk, acreditam bancos - Divulgação - Divulgação
Freio à transição energética na Califórnia impactaria todo o país, ampliando prejuízo de Musk, acreditam bancos
Imagem: Divulgação

Prejuízo bilionário

Sem os incentivos, analistas preveem que a adoção dos carros elétricos nos Estados Unidos perderá embalo. Sozinha, a Tesla representa 54% das vendas do setor, além de não ter nenhum produto com motor a combustão para amenizar o baque.

Um relatório do banco JPMorgan estimou que a medida poderá representar até US$ 1,2 bilhão em perdas à montadora. Caso Trump também ratifique a anulação do programa californiano, o prejuízo poderia superar os US$ 3 bilhões, afirmou o estudo.

Na quinta-feira (5), as ações da Tesla fecharam em queda de 14%, representando quase US$ 150 bilhões perdidos em valor de mercado.

Entre os motivos para a desconfiança, se juntam diversos investidores da marca, que acusam o protagonismo político de Musk de afastar potenciais compradores de carros da Tesla.

Investidores temem retaliações à Tesla, incluindo barreiras aos testes de carros autônomos que são apostas da empresa - Divulgação - Divulgação
Investidores temem retaliações à Tesla, incluindo barreiras aos testes de carros autônomos que são apostas da empresa
Imagem: Divulgação

Agora também há receio de que, em resposta às acusações de crimes sexuais e à deserção do governo, Donald Trump tome decisões políticas direcionadas ao ex-"primeiro-camarada", como chamava o empreendedor.

Entre elas, há risco de alterações nas leis que regulam os testes com veículos autônomos, — um dos principais trunfos para que a Tesla permaneça relevante no segmento de elétricos.

Eventuais restrições, explica a casa de análises GLJ Research, poderia dar larga vantagem aos chineses na corrida pela automação veicular. "Isso seria um baita golpe nas ações da Tesla e em Musk", afirmou o analista Gordon Johnson à emissora ABC News.

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